terça-feira, 31 de outubro de 2017

Outubro - Bruxarias e Travessuras: Os Outros Filmes da Franquia Harry Potter

Harry Potter – Geral



        Não quero transformar esse mês em “mês HP” então vou fazer uma única postagem comentando todos os outros filmes. E insisto, vou comentar os filmes, a história dos livros fica para outra oportunidade.
        O segundo, “HP e a Câmara Secreta” por ainda ficar nas mãos da direção de Chris Columbus conseguiu manter o ar didático do primeiro. Além de não decepar muito a história. Praticamente está tudo lá.
O terceiro, “HP e o Prisioneiro de Azcaban”, dirigido por Alfonso Cuaron começa a degringolar a história. Muitos consideram o melhor filme da série, mas vi um monte de erros de continuidades e alguns pontos só ficam claros se você tiver lido o livro. E o filme mais cagado de todos é o “HP e o Cálice de Fogo” dirigido por Mike Newell. Foi tirada tanta parte da história original que ficou somente um esqueleto disforme e frio do que era o todo. Os demais filmes, “HP e a Ordem da Fênix”, “HP e o Enigma do Príncipe” e “HP e as Relíquias da Morte partes I e II” foram de David Yates e conseguiram dar uma equilibrada entre adaptação e liberdade criativa. Não que isso tenha sido bom.
       
O grande problema dos filmes são dois basicamente:  expectativa dos fãs e principalmente a mão pesada dos produtores. E a mega produtora Warner estava por trás desse filme. Por um lado era interessante pois, ia garantir a franquia com um alto padrão, ainda mais pelos números estratosféricos envolvidos por outro lógico que iriam fazer o básico da pasteurização para abranger um público maior.
Já os fãs, esses nem uma reza bem brava dá jeito. São fãs.  Eles são insaciáveis. Querem sempre mais. E eu sou um deles...

        Entre tantos méritos da franquia temos um ótimo departamento de arte que faz milagres mostrando como tudo é envelhecido e gostosamente decadente. 
Os cenários remontam uma era semi medieval. Os figurinos, os objetos de cena tudo ajuda a compor um lindo universo mágico que J.K. Rowling tinha imaginado. É espantoso o quanto esse universo cativou e ainda cativa inúmeras pessoas pelo mundo. E um velho lugar comum aqui: por mais que eu goste dos filmes os livros são melhores.








sábado, 21 de outubro de 2017

Outubro - Bruxarias e Travessuras: Harry Potter e a Pedra Filosofal

Harry Potter









         Finalmente consegui enfiar r um comentário a respeito de Harry Potter aqui no blog. Sim me julguem.  Eu fui introduzido ao mundo de J.K Rowling por intermédio de uma garota que me emprestou o livro, lá em Brotas, interior de São Paulo. Em uma semana eu devorei o livro. E já fui buscar dos demais. Li com afinco e, antes que o ano terminasse, concluí a quinta e última parte até então.
Aguardei longos dois anos para o sexto e mais dois anos para o sétimo... Lógico que reli todos enquanto isso, mais de cinco vezes (!!!). Comecei a saga com meus 21 anos e terminei com meus 27 anos, mais ou menos. E com quanta ansiedade aguardei os filmes...
 
E veio o filme e tudo estava lá.
          O primeiro “Harry Potter e a Pedra Filosofal” é bem didático e introduz quem nunca tinha ouvido falar do bruxinho ao mundo de fantasia que ele pertence. Apesar de suprimir umas partes menos importantes, que só os mais radicais perceberam e ficaram irritados.  Vemos os jovenzinhos Daniel Radcliffe, Emma Watson e Rupert Grint encarnando os personagens principais dos livros. E todos os atores que também se juntariam na história. Aqui, Harry Potter descobre que é um mágico e tem direito de entrar na escola de magia e bruxaria de Hogwarts. E, como sempre, foi desprezado por seus tutores legais, pois é órfão, os tios, lá descobre que é famoso por derrotar o maior mago das trevas da história ainda bebê.
     Ninguém sabe o que teria acontecido. Só que ele é “o menino que sobreviveu” e desde então ninguém mais vê Voldemort. Sem grandes dons aparentes ele se enrabicha numa amizade com o pobretão Ronny Weasley e de cara já forma uma inimizade crônica e profunda com Draco Malfoy. Como 'azarona', Hermione Granger acaba se juntando a dupla, agora trio. 
      O mistério já começa. Uma criatura nefasta anda matando unicórnios, umas das criaturas mais inocentes e puras do mundo mágico. E por um golpe de azar, lá vai Harry, Ronny e Hermione tentar descobrir com o guarda-caça Hagrid o que está acontecendo. A resposta é mais assustadora do que se poderia imaginar.        

        
O filme é a versão mais fiel de todos os outros que se sucederam e não perde a inocência própria de um gênero que encanta. Apesar de deixar claro que ser bruxo não é algo tão seguro quanto deveria ser, mesmo que divetido. Há perigos em cada canto da escola, uns por brincadeiras maldosas, outros por verdadeiro mal camuflado. Como introdução é um ótimo filme, mesmo que tenha uma aura de ser bem infantil. Me satisfez quando assisti... E todas as 239 vezes que 'reassisti'. 

domingo, 15 de outubro de 2017

Mãe! - Dantesco, alegórico e belo

Mãe!



         Confesso que tinha escrito uma coisa mais suntuosa e pedante e de última hora resolvi reescrever.
        
Gostei do filme. E ouvi o buchicho da plateia no cinema e percebi que alguns que não sabiam o que expressar outros simplesmente detestaram. E uma situação me chamou atenção. Ao meu lado no cinema uma garota com deus 18(?) anos e sua namoradinha se contorciam, bufavam, faziam muxoxos de indignação, sofreram com as cenas o tempo todo e ao fim uma solta “Eles gastam dinheiro com cada coisa”. Garanto que elas sentiram mais o filme que eu. E não perceberam que as emoções que sentiram foram alcançadass pelas intenções do diretor e roteirista Darren Aronofsky. Por vezes esquecemos que o cinema deve nos direcionar a uma emoção, ou várias. Queremos histórias redondas com começo, meio e fim e fáceis de entender. E “Mãe!” tem essa estrutura. Porém, é uma grande alegoria ou metáfora. Elementos bíblicos são colocados diante de nossos olhos. E o obvio não aparece pelo menos até metade do filme.
        
Particularmente fiquei muito intrigado tentando entender e captar as metáforas. E ao mesmo tempo instigado em tentar entender a relação da personagem de Jennifer Lawrence com o de Javier Bardem. Do meio em diante é mais fácil. Antes, porém, tudo é muito confuso, e isso não é ruim.
         A superfície da história é de um casal que mora numa casa afastada da cidade e o dia passa tranquilamente. A mulher é quem restaurou a casa sozinha depois de um incêndio. Apesar de não estar completa, as finalizações estão em andamento. E num determinado momento chega um homem estranho, Ed Harris, e logo em seguida, sua esposa, Michelle Pfeiffer e consigo um emaranhado de acontecimentos aonde toda a paz vai embora e a “Mãe” desamparada é vilipendiada de várias formas. Até o desfecho onde não aceitando mais os maltratos, vai até as últimas consequências. Não ouso escrever mais que isso, seria spoilers.
        
Tudo correria numa estranheza não fosse o que está no subtexto. Obviamente que a relação do casal é Deus/Natureza ou ainda o Divino feminino que é relegado e enclausurado pelo patriarcalismo. O personagem “Ele” chama o tempo toda a “Mãe” de “minha deusa”. A divindade masculina não cria do nada. Precisa do amor da divindade feminina, ou da Natureza. E esta não é tão complacente com os seres humanos que acabam por abusar de sua hospitalidade. Nítida referência de como destruímos tudo o que a Mãe Natureza levou milhares de anos para construir.
O casal que parece primeiro é Adão e Eva. Perceba que em um momento o homem está mal no banheiro e há uma ferida em sua costela e é somente depois disso, no dia seguinte, que sua esposa chega. E com eles o drama e a tragédia de seus dois filhos, um “Abel e Caim”. E a partir disso chegam mais pessoas e todos com tanta falta de respeito pela dona da casa que num acidente, que remete ao dilúvio bíblico, ela enxota todos de lá. Novamente a casa fica calma e tudo parece ficar bem. Até que a Mãe fica gravida e seu esposo tem uma nova inspiração para um poema, ele é escritor. Ou podemos antever o Antigo Testamento, o primeiro “sucesso” e agora ele se inspira para escrever o Novo Testamento.
E o filho aparece, que mais que depressa a figura do marido/Deus entrega a uma turba de pessoas que invadiram a casa com o intuito de primeiro admirar seu trabalho e depois começam a destruir tudo que há por perto, em função da adoração que eles têm pelo marido escritor, para desespero da Mãe. Destroem sob a complacência do marido tudo o que há na casa e o filho que a Mãe acabou de parir é entregue ao grupo raivoso. Uma cena dantesca, um atordoante desenrolar de acontecimentos que transformam a casa num campo de batalha, uma miscelânea de situações simbólicas que acabam num nefasto banquete em que pedaços do recém-nascido é dado como hóstia numa missa. Tudo tem um motivo, tudo tem uma explicação. E fica uma pergunta: o que estamos fazendo com nossa casa por nossa divindade permitir?

        
As atuações são instigantes. A passividade indignada da Mãe, Lawrence, que é desrespeitada o tempo todo, o que nos causa um grande incômodo, e a complacência com os convidados folgados que o marido, Bardem, demonstra, que nos deixa mais incomodados ainda, nos leva ao pilar de sustentação do filme. Ambos arrasam com suas camadas interpretativas. Quando o homem, Harris, e a mulher, Pfeiffer, chegam vemos que temos monstros em tela. Há tempos que não via uma Michelle Pfeiffer tão bem em um papel quanto está neste filme. É maldosa, sensual, mesquinha e parece ter rancor da Mãe.
 Sempre achei que ela nunca foi valorizada como deveria. E o mesmo para Harris. Se mostra frágil e debilitado no ponto certo. O roteiro é de uma consistência bem interessante, mesmo que nos deixe com pontos cegos por tempo demais. E o melhor, a fotografia é bem bonita, estranhamente realista e limpa. Lawrence nunca está descabelada ou desarrumada, pelo menos antes do desfecho. Sua pele sempre perfeita, seu rosto sem vincos de idade, é uma bela personificação da divindade feminina. Já Javier é grosseirão, mais velho e rude, um homem que não liga para a esposa que tem. Sabe que se essa for embora, apesar de nunca permitir que saia de casa, ele consegue outra. Então aproveita tudo o que ela pode dar, tudo mesmo, até a última fagulha de amor.


        
Como vi no cinema, muitos não entenderão outros não gostarão, ou os dois. Não é um filme fácil, não é um filme para o público médio. Apesar de ter ido uma semana depois da estreia e o cinema estar lotado no último horário da noite. Eu gostei do filme e muito. Vi um lirismo difícil de alcançar e, apesar das situações angustiantes, tudo traz uma motivação. Há tensão mas o filme não é terror nem suspense como o classificaram. Ele tem mais sentido que muitos outros filmes de bilheterias grandiosas e roteiros mastigados dos últimos meses. 












quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Outubro - Bruxarias e Travessuras: Convenção das Bruxas

Convenção das Bruxas






         Não sei o motivo, mas bruxaria e crianças combinam tão bem quanto queijo com goiabada, vinho tinto com carne vermelha, cárie e dente mal escovado, o dedo mindinho e a quina de algum móvel no caminho ou ainda ferida inflamada e pus. É incrível o tanto de produções cinematográficas e obras literárias que retratam essa verdade “incontestável”.
Até nosso Monteiro Lobato criou a bruxa Cuca, uma bruxa jacaré, que criava maldades para a turma do Sítio do Pica-pau Amarelo. E, então, outubro será o tema das crianças, lembrando a festa dessas criaturas pueris, tanto aqui no Brasil, quanto nos EUA e Inglaterra e também de bruxas ou outras criaturas malditas do folclore mundial.
       
  Então, neste Outubro reunirei essas duas maravilhas que temos: crianças e o mal encarnado. Por mais que o Halloween seja uma festa que se tornou totalmente comercial, a temática ainda é interessante e a raiz dos mitos mais instigantes ainda. Como já disse, exemplos que não faltam. De bruxas brasileiras com cara de répteis a fenômenos mundiais de jovens bruxos que estão no colégio a gama de possibilidades nunca termina. E sempre aparecem novas produções para nos torturar ou agradar.

        
E misturar crianças e bruxarias é vida, então o primeiro filme resenhado é “Convenção das Bruxas”. Sim, as sórdidas, maléficas, feias, verruguentas que odeiam crianças e planejam um plano para que todas as crianças do mundo virem ratos. E o jovem Luke vai enfrenta-las do melhor modo que pode. Porém não será fácil, a pior de todas Eva Ernst, Anjelica Huston, é a chefe da convenção. Anjelica é uma figura emblemática. Tem naturalmente cara de má e nem precisaria da maquiagem com brotoejas purulentas e um enorme nariz. Sem maquiagem dá conta totalmente do recado.
O filme é uma delicinha. Nos leva para uma época nostálgica de nossa infância com uma avó bondosa e compreensiva. Apesar de nunca ter uma, sei que no imaginário das fábulas elas são assim. E isso já basta. Luke encarna a inocência mais comum entre crianças que estão numa fase delicada da vida. Ele acabou de perder o pai e está morando com a avó. Ele é inteligente, inquieto, curioso e sedento por aventura num mundo onde praticamente não há crianças. Porém a avó é das antigas e sabe como entreter o neto. E o mal se manifesta com as bruxas.
É angustiante a cena onde mesmo derrotando-as ele continua como um rato. A transformação vem por meio de uma bruxa boa que o desencanta num final que deixa todos felizes. Mas garanto que a vida dele transformado em ratinho era mais cheia de alegrias, pois sua avó construiu um enorme aparato para sua diversão. Mas o Luke prefere mil vezes ser um humano. E quem não prefere?