terça-feira, 6 de junho de 2017

Junho: Mês Temático - Filmes LGBTs - Para Wong Foo, Obrigada Por Tudo! Julie Newmar

Para Wong Foo, Obrigada Por Tudo! Julie Newmar







       
Se antes de 1995 se ouvisse dizer que Patrick Swayze e Wesley Snipes fossem fazer um filme juntos, mesmo com a adição de um ator como John Leguizano como contrapeso, com certeza se esperaria um ótimo filme de ação ou aventura. Mas veio uma simpática e divertida comédia. E ainda como fundo o mundo das Drag Queens.

    
    Para quem não conhece, só lembro que até 1994 havia na Rede Bandeirantes, nos sábados à tarde um programa que se chamava o Clube do Bolinha. Uma imitação do Chacrinha sem roupas circenses, mas com roupas de “bicheiro”. Coisas que faziam sentido num Brasil semicolonial dos anos 1960-1970-1980. Nesse programa havia um quadro que se chamava “Eles e Elas” onde artistas transformistas, supostamente todos heterossexuais, se vestiam de mulher e performavam dublando alguma diva brasileira da música.
Ou até mesmo algum cantor “excêntrico” como Ney Matogrosso. Esses artistas “transformistas” podem ser chamados de Drag Queens. Apesar que a condição homossexual ser intrínseca ao grupo não é uma regra fundamentalista. Se eu lembrar um artista heterossexual que faz Drag eu comunico. Sei que muita gente gostava desse quadro pois não tinha, na mente pequena dos anos 1980, “maldade”. Por maldade entenda-se “homossexualidade”. Coisa que o Bolinha sempre frisava ao falando da vida pessoal de algum dos artistas que iam ao seu programa, sempre informando sobre a quantidade de filhos que o transformista tinha. Então, Drag Queens são homens, geralmente, que se vestem de mulher para fazer alguma performance artística. Por certo que essa definição anda um pouco fluída e há muitas variáveis.

       
Voltando ao filme, os machões do cinema que sempre se valeram de sua testosterona resolvem aceitar participar de um filme sobre homens que ganham a vida se vestido de mulheres e assumem todos os trejeitos femininos possíveis. Swayze encarna Vida Boheme, Snipes Noxeema Jackson e Leguizamo Chi Chi Rodriguez. As duas primeiras querem viajar para o outro lado do país para continuarem sua investida em concursos de Drags. E Chi Chi por falta de dinheiro acaba entrando na jogada e para conseguir ir juntas as outras desistem do conforto de um avião e vão de carro por longos quilômetros. Em determinado momento esbarram com um policial que as confunde com mulheres “de verdade” (já vi essa história por aqui em algum lugar) e ao tentar tirar uma casquinha de Vida descobre o vergão da verdade. E, acaba inconsciente e com raiva homofóbica. E depois tenta a todo custo pegar as moçoilas para coloca-las na cadeia. E no meio do caminho, mais para frente na verdade há uma pequena cidade que se encanta/escandaliza com a situação das Drags. Porém o percurso é um pouco mais complexo até a descoberta dos rostos masculinos por baixo de tanta base.

        Apesar do final um pouco piegas e previsível, temos também que lembrar que são anos de 1990, o filme é muito divertido. E como em basicamente todos os filmes americanos, se relevar os pontos negativos ligados a estereótipos e machismo, podemos nos divertir. Sou da opinião que é melhor que se mostre do que se esconda, por pior que seja o retrato desenhado ao mostrar pelo menos se assume que existe, não se nega. O problema está quando a sociedade nega a existência de alguma minoria e não a representa nunca em sua produção cultural.

       
E se você vier a pensar que “Drag” não faz parte da sigla LGBT, digamos que elas são a parte linda e cômica de uma subdivisão do “G” com pitadas do “T”. Apesar de nem toda Drag ser transgênero. É só pelo jogo com a imagem masculina/feminina que ambos os lados citados se entrelaçam. Sem Drags o mundo Gay ficaria um pouco menos engraçado e sem brilhos.

        Beijos de Luz.


        Estava esquecendo... Que cabecinha de vento a minha... Sobre o título, diz a lenda, que o roteirista do filme viu uma foto em um restaurante chinês com o autógrafo da diva Julie Newmar que dedicava e agradecia ao um desconhecido Wong Foo por algo. E essa diva faz uma ponta como ela mesma no filme. Agora se você não conhece Julie Newmar... Google já!

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