terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Elle- Provocativo

Elle - Provocativo




        É interessante assistir um filme europeu depois de um tempo só assistindo americanos. O ritmo é diferente, a atuação e até a fotografia. E mais que tudo a ousadia de abordar alguns temas polêmicos. Os americanos são falsamente cheios de pudor e nunca falam diretamente. Poucos diretores investem nisso, principalmente os “megaloprodutores” pois o “grande público” não gosta.




        Podeia falar um pouco do “grande público” mas dzázz uma preguizzzzzzzzz.








O diretor é Paul Verhoeven que conta com filmes provocativos em sua carreira, entre eles a versão de 1987 de “RoboCop” e “Instinto Selvagem”. E provocação é algo que acontece em “Elle” pois a trama começa com um estupro. Michèlle, a “Elle” do título, uma mulher fria, dura e bem-sucedida e ativa sexualmente. Isso é importante para compor a personagem complexa que ela se revela. A escolha da atriz que a interpreta é acertada, Isabelle Huppert, que já conta com outras personagens frias e duras. As cores usadas na fotografia também revelam essa tentativa de não fetichizar as cenas. Tudo é crú, pesado e gélido. Não é um filme para fazer apologia a uma modalidade sexual a homens que se excitam com esse tipo de ideia. É um filme para revelar. E a única coisa a ser revelada são as dimensões da personalidade intrincada de Elle. O estupro é algo que a afeta, mas sua interação com seus pais, seu passado, seu filho e seus amigos e funcionários é mais densa e pesada.
Ela carrega segredos e pendências que nos desconfortam tanto quanto o estupro. Ela é uma vítima sim do abuso do poder de um homem que tem problemas psicológicos mas também é alguém que tem os seus próprios problemas e até certos distúrbios. E a cada ação que ela desvela é um entendimento que aparece e atenção ao prelúdio final que, de tão sutil, pode passar despercebido umas nuances.

      
  O filme é de atuações. Há inúmeros personagens que transitam pela vida de Elle. E todos, de uma forma ou de outra, são afetados por ela. Ela é capaz de maltratar a mãe e ter ódio mortal do pai enquanto não se conforma com a vida que o filho leva. O filme flerta com a normalidade e mostra que de perto ninguém é. Elle pelo menos não.

       
Grandes nomes do cinema francês aparecem para nos dar uma trama muito bem elaborada e acertada. E o aviso é sempre bom, é um filme europeu, então o ritmo é bem menos acelerado que dos americanos. Pode causar tédio em mentes não acostumadas.








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