sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Esquadrão suicida: Heróis, Vilões e Preguiça

Esquadrão suicida: Heróis, Vilões e Preguiça





        Não vou perder muito tempo sobre o que falar desse filme. Ele é phodástico! Vale cada centavo gasto na bilheteria e cumpre o que promete. Os personagens são, na medida do possível, “fiéis” ao universo dos quadrinhos. E temos participações especiais fantásticas com coadjuvantes de luxo. Se bem que todos são coadjuvantes. Não há um principal, não há um mais ou menos fundamental.

Até há, mas são mortos no meio do caminho ou quase. E como as músicas são bem usadas nas apresentações de cada personagem para dar o impacto sobre sua personalidade. O começo é muito legal por isso.



        O que me instiga a ver esses filmes é não ser um fã/consumidor de quadrinhos. Conheço o básico e necessário sobre vários personagens. Porém não compro as HQ há pelo menos uns 28 anos. Os meus primeiros e últimos HQs que comprei foi com suado dinheirinho de criança. Fui até a banca e fiquei horas e horas escolhendo bem e, para fugir da Turma da Mônica, acabei comprando dois gibis dos X-Men. E ao chegar em casa a frustração me consumiu. Percebi que os dois eram continuação de uma história maior que parecia estar no meio, tinha perdido os números anteriores e ainda teria que comprar inúmeros exemplares posteriores. E a partir dali eu nunca mais comprei os gringos e me mantive fiel até meus quinze anos aos pequerruchos do Maurício de Sousa. Como eu gostava do Almanacão de Férias...


        Tudo que soube depois sobre os heróis da Marvel e DC foi através de desenhos que passavam na televisão. E como alguém “de fora do meio” eu percebi que o universo dos heróis era absurdamente enorme. E começou a ser tudo reformulado, em determinado momento, e a se criar arcos de histórias que dariam maiores possibilidades de sair de uma característica específica de algum personagem. Justificando assim um retorno em outro momento de fulano ou sicrano. Com o tempo o universo desses personagens ficou imenso, intrincado e truncado. Um personagem que tinha aparecido em 1961 volta triunfante e ululante em uma revistinha em 1997. Um vilão que foi morto e sepultado era remasterizado e aparecia lá na página 10 da edição de número 134 sem nenhuma explicação plausível. Vi, ou melhor, fiquei sabendo que o Batman, de fresco e gay que era nos anos de 1960, se tornou denso e sombrio. Teve a coluna quebrada. Passou a bola para o namoradinho. 
“Adotou” vários Robins na sua vida. Aprendi que o Super-homem era invencível até ele ser morto e reviver em três distintos seres, um deles um enorme ciborgue. Descobri que o super-cão não apareceria em lugar nenhum a não ser em um desenho antigo do Superboy. E que a Supergirl surge sei lá de onde e some sei lá por qual motivo. Isso sem contar o universo do Flash, do Aquaman, dos X-Mens, do Homem-Aranha, dos Smurfs e do “Jiraya a quatro”. Enfim. Tudo isso me deu uma preguiça, uma preguiça que me fez não ligar mais para esse universo das HQs. Só ficava com os desenhos de vez em quando.

     
   “Mas”, até começo um parágrafo novo com uma conjunção adversativa para dar uma ênfase toda especial e dramática à minha contrariedade, começaram a fazer as “adaptações” para o cinema que “deram” certo, ou não. Sem levar em consideração a opinião de fãs xiitas, as adaptações foram até que bem-intencionadas e satisfatórias. Enquanto as histórias mantinham a fórmula HxV=L+FF, onde H=herói, V = vilão, L = luta e FF = final feliz estava tudo bem. Histórias relativamente simples. Porém a simplicidade não se sustenta num universo que se acrescenta sempre mais heróis e vilões e outros membros. E com “Os Vingadores” a necessidade de elaborar mais os roteiros se tornou necessário. E a simplicidade se foi. Com muitos personagens no mesmo filme para atrair fãs as histórias  foi necessário deixar de lado recursos mais simplórios e aprofundar outros pontos. Para ajudar, uma batalha de direitos autorais encarece a produção e faz o filme não ter alguns personagens e transformar coadjuvantes em principais para não estourar o orçamento. Sem contar as séries derivadas dos heróis da primeira elite.
E volta a preguiça que tinha com as revistinhas. Os filmes e séries estão se complicando. Por mais que os filmes tentem colocar uma história fechada na tela, essa dá margem para outra, que se conecta com outra que está complementando mais outra. Veja só, antes de “Os Vingadores” foi necessário fazer “Capitão América”, “Homem de Ferro”, “Thor”, “Homem-Formiga” e tentativas frustradas de “Hulk”, sem contar Homem-Aranha, e só aí então foram para “Os Vingadores”. O Mesmo está se formando para um futuro “Liga da Justiça”. E o que dizer das séries “Jessica Jones”, “Demolidor”, “Luke Cage”, “Smallvile”, “Gotham”, “The Flash”, “Agentes da S.H.I.L.D.”, “Arrow”, “Agente Carter”, Supergirl e etc?



        Dá para ver o tanto de subprodutos que se forma para tentar dar cabo desse universo de heróis e vilões. Aí chegamos a “Esquadrão Suicida”. Que usa de vilões coadjuvantes para formar uma “liga” improvável para salvar o mundo.




        Toda essa complexidade pode dar um ar de sofisticação ao filme e até ajuda na diversão e ao mesmo tempo gera uma grande sensação daquela preguiça já citada. Espero que os produtores identifiquem isso e consigam transformar esse universo em algo mais "fácil". 



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