quinta-feira, 10 de julho de 2014

Resenha de filme: O Grande Hotel Budapeste - Pastelão de um Transtornado Obsessivo Compulsivo





 O Grande Hotel Budapeste - 

Pastelão de um Transtornado Obsessivo Compulsivo







Então...

É um filme de Wes Anderson!

            Não sabe quem ele é? Eu também não lembrava. Aí, depois de uma rápida consulta ao oráculo, claro que falo do Google, eu tive uma luz. Alguém que eu mal conhecia e que tinha assistido somente dois filmes e odiado. Odiado não!!! É muito forte falar em “odiar”, o mais preciso seria usar o termo “estranhado”. Os que assisti foram “Os Excêntricos Tenenbaums” e “O Fantástico Sr. Raposo”, sendo este último uma animação. Não assistiu também? Vou te contar, Anderson é muito, muito, muito autoral mesmo. Ele tem um estilo próprio. E tem personalidade. Seus filmes não são pasteurizados e hollywoodianos. É uma espécie de Woody Allen com transtorno obsessivo compulsivo grave no conduzir um filme ao invés da neurose verborrágica. Então seus filmes são difíceis de “assimilar” e “digerir”.

            Posso dizer que pelo que andei lendo por aí, ele está se tornando um queridinho dos “alternativos” e um refresco à mesmice dos “filmes pipoca”. Particularmente acho um tanto grosseiro. Teria que apurar um pouco sua técnica de dirigir e de criar uma cosmovisão própria. Sou pretensioso em querer falar de cinema por não possuir formação na área? ? ? Só iniciados podem? ? ? ? Enfim, sigo o meu “achismo” retumbante de um simples estudante de Letras, e de alguém que já passou pela Filosofia rocambolesca de um passado insólito... E de alguém que adora ler e assistir muitos filmes. Anderson faz tudo de forma diferenciada. O uso das cores do cenários, câmeras lentas, efeitos “especiais” bem retrógrados, personagens sem nenhuma expressão em certos momentos cruciais,  olhar direto para a câmera. Quem não sabe apreciar algo diferenciado pode desistir de assistir. Não é um filme de estilo fácil e palatável.

            A história parte de certa complexidade, mas no fundo é tudo muito simples. Há uma leitora de um livro que começa a ler a história de um escritor; seguimos essa história com o escritor até ele conhecer o “dono” do Grande Hotel Budapeste; e este por sua vez conta como começou a trabalhar lá e o que fez virar proprietário. Então, prestem atenção, é uma história, dentro de outra história que está dentro de outra história. No mais o filme se mostra um pastelão baseado em antigas formas de interpretação e detetivescas cheias de reviravoltas fanfarrônicas. Com personagens improváveis e afetados em um estilo de vida pré-guerra: uma viúva é assassinada, um quadro roubado, um inocente é acusado e preso, e o fiel amigo tenta ajudar provando que ele não é culpado, ambos tentam derrotar o filho da viúva que quer ficar com toda a herança...

            O elenco é estelar. Ótimos atores se sujeitam a participações rápidas, a ponto de um ou outro se perder no meio. Se eu não lesse os nomes do elenco, nem saberia que o Owen Wilson estava lá. Destaque para Ralph Fiennes que faz o acusado do crime M. Gustave que começa uma amizade com o seu escudeiro fiel Zero interpretado por Tony Revolori. Fiennes realmente está afiado com o roteiro falastrão de Wes Anderson. Ele consegue pôr toda afetação e cafajestagem necessária a esse personagem. Notem que usei o termo “cafajestagem” que é extremamente antiquado. E é isso que M. Gustave é... Porém somente um ator fodão, com um dos vilões mais tenebrosos dos últimos tempos no currículo, e não estou falando de Darth Vader e sim de Lord Voldemort, poderia dar todas as afetações necessárias ao concierge do hotel, comedor de senhoras solitárias, às portas da Primeira Guerra Mundial.

            Tudo no filme é exagerado, há cores, maneirismos e há referências infinitas a um monte de outros filmes antigos... E no final quem ganha com isso? Eu não faço ideia. Não é um filme que eu recomendaria como sensacional. Falaria apenas de atuações inspiradas com um resultado final esquisito... Há boatos que esse filme já chamou a atenção dos oscarizadores...


            Eu fico na minha... nem lá nem cá!





vinimotta2012@gmail.com

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