quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Dezembro - Filmes que Criticam o Cristianismo: O Código Da Vinci

O Código Da Vici




        Ao contrário do que muitos querem acreditar o cristianismo católico não foi algo planejado e o seu início foi “desinstitucionalizado”. Era exigido muito pouco: conversão, mudança de vida, adesão à palavra de Jesus, sempre pelo viés dos discípulos, e estar em união a um grupo eclesial. De início a “Igreja” instituição não existia.
Existiam várias pequenas igrejas praticamente autônomas que expandiam por cidades do oriente, sul da África e por fim pela Europa. E com o tempo vários relados da vida de Jesus foram surgindo. Os mais antigos são conhecidos como Evangelhos de Marcos, Mateus, Lucas e João, nessa ordem. E pouco depois surgem outros relatos com outros pontos de vista. Chegou um momento que as pequenas igrejas, se infiltrando em Roma, a cidade mais importante da época, precisaram se organizar melhor. E principalmente a comunidade de Roma foi, aos poucos, conquistando o império romano. Com Constantino foi que ocorreu a unificação da crença cristã e instituída como religião oficial no Império. De certa forma, os bispos, que eram autônomos em suas comunidades, usavam os livros que bem lhes aprouvessem. Mas houve uma predileção pelos que se tornaram depois os livros oficiais da Bíblia cristã. Essa oficialidade dos livros usados foi só determinada no século IV e ratificada de forma definitiva no Concílio de Trento séculos depois. Esse conjunto de livros bíblicos aceitos pela maioria é chamado de Cânon. Há algumas divergências entre os grupos cristãos existentes em relação a alguns livros. Como que aqui quem nos interessa é o Cânon Católico, deixemos explicações dos outros de lado. Com essa definição já no século IV temos um grupo de livros oficiais e o grupo de livros não oficiais definidos como Apócrifos. Dentro desses apócrifos ficaram as histórias mais fantasiosas sobre a vida de Jesus, as exageradas e as que foram constatadas que não eram do primeiro século. Dentro desses Apócrifos temos os Evangelhos de Tomé, Tiago, Pseudo-Mateus, Hebreus, Nazarenos, Ebionitas, Marcião, Pedro, Bartolomeu, Judas, Maria Madalena e tantos outros Evangelhos, Epístolas e escritos diversos.
       
Para nós o mais importante é o Evangelho Apócrifo de Maria Madalena. Ele foi a base para o livro de Dan Brown. Junte-se a história do Apócrifo de Maria Madalena lendas históricas sobre uma ordem religiosa perseguida pela Igreja Católica, identificados como Priorado de Sião e temos o enredo do livro.  A lenda “histórica” diz que eles se dispuseram a cuidar dos segredos do Santo Graal que é um código para dizer que Jesus tinha deixado descendentes frutos de sua união sexual com Maria Madalena. Essa sociedade secreta guardaria e defenderia esses descendentes que ainda hoje seriam perseguidos pela Igreja.
       
Verdade ou não, saberemos somente na segunda vinda de JC... Mas o livro faz um bom levantamento histórico e costura uma bela colcha de retalhos colocando personagens históricos importantes como membros do Priorado. Inclusive o próprio Leonardo Da Vinci que teria feito no seu afresco “A Última Ceia” uma referencia direta ao relacionamento de JC e Maria Madalena. O filme consegue uma boa adaptação do livro, com pequenas alterações, nada que mude o contexto final. A crítica aqui fica para com a versão da vida de Jesus defendida com interesses óbvios pela Igreja. Um Jesus “Deus” e solteiro que morre e ressuscita era muito mais conveniente para os interesses de um grupo que almejava controle do povo que um Jesus “humano” que fornicou com uma mulher de índole duvidosa e teve filhos como qualquer mortal.
Não é fácil chegar a uma verdade. Por vezes colocam a Igreja como uma vilã fria e calculista, sendo que muitas coisas foram acontecendo e não há como negar que seu início foi até “puro” sem grandes interesses a não ser a salvação do homem, custasse o que custou. E com o tempo, foi crescendo sua importância política e assim a corrupção a assolou e como a grandiosa instituição que se tornou e por mais de um milênio ela manteve a contradição com exemplos bons e outros execráveis dentro de si.
       
O filme tenta se apoiar mais na polêmica de um Jesus humano e sua relação com uma mulher. É interessante e fantasioso ao mesmo tempo. Como disse não há provas de que Maria Madalena tenha sido esposa de Jesus. Só há provas que as pequenas comunidades cresceram e se tornaram a grande instituição que dominou com punhos de ferro, e pouca caridade, a Europa na Idade Média.

       
Com elenco de peso vemos o detetive casual Robert Langdon, interpretado por Tom Hanks que não foi a melhor opção pela aparência. Contudo Hanks é um bom ator e faz bem o papel. Temos também a participação de: Audrey Tautou, Paul Bettany, Alfred Molina, Jean Reno, Ian McKellen entre outros menos conhecidos. Ron Howard dirige e imprime mais ainda a característica comercial da qual o livro é fruto. 

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