Capitão América 3: Guerra Civil
Como
já comentei na resenha anterior do filme de “Batman vs Superman”, a Marvel, que
produziu Capitão América, está mais sintonizada com o próprio universo que
criou que a DC com o dela apesar do problema de se adaptar uma obra de HQ para
outro tipo de linguagem. A DC acabou atropelando, e muito, seus personagens.
Passando por cima de realizar um roteiro mais consistente e verossímil.
Verossimilhança
é algo fundamental em qualquer história, escrita, falada, filmada. O roteiro
tem que convencer que aquilo tudo tem uma aura de verdade, por mais “mentiroso”
que seja. Pode-se falar de gnomos, elfos, vampiros, zumbis, hobbits, anjos,
escolas de magia, políticos brasileiros honestos... Ops! Ou seja, qualquer ser
fantástico que não exista na realidade humana, mas se forem colocados dentro de
uma história, onde eles façam sentido ou nexo está tudo bem, pois essa forma de
colocar harmonia aos elementos é a tal de verossimilhança.
Então,
num texto, ou no caso roteiro, onde alguns personagens apareçam de repente sem
uma contextualização prévia, ou uma boa explicação para justificar sua
repentina presença, tem que ser uma ótima justificação, acaba quebrando com a
verossimilhança. E o universo dos quadrinhos, que já consta com suas várias
décadas de existência e tempo suficiente de se reinventar e povoar suas páginas
com várias sequências de episódios, ou arcos de história, e personagens
variados consegue, e necessita, ser verossímil. Principalmente pelo público
alvo que possui um fundamentalismo que chega às raias da idolatria.
E
Capitão América necessita de uma verossimilhança para manter a coesão entre as
histórias do universo Marvel que se tornou invariavelmente enorme. Têm os
filmes solos do Thor, do próprio Capitão, do Hulk, apesar de não ter emplacado,
do Homem de Ferro e, arbitraria e distantemente, Homem-Aranha e o fora do bumbo
Homem-formiga, além dos Vingadores. Esses filmes foram feitos, ou estão sendo feitos,
para terem uma conexão uns com os outros.
Na
história de “Guerra Civil” encontramos um pequeno problema relacionado aos
Vingadores: para salvar o mundo causaram muitos estragos e os políticos, como
sempre, e supostamente se sentem pressionados pela opinião pública, como sempre
de novo, e decidem criar um órgão que controlará os Vingadores. Na verdade
sabemos que o interesse sempre é outro, e não o povo. Se um super vilão
aparecer, e começar a destruir todo um país, e esse grupo de políticos decidirem
que os heróis não devem interferir, então aquele país vai se ferrar, e bem ferrado.
“Tipo” o que já acontece com a ONU que só ajuda um país se houver algum
interesse político ou econômico dos demais países que dominam o mundo na
atualidade. Então, no fundo, os Vingadores seriam uma arma de guerra a serviço
dos poderosos. Tony Stark (Robert Downey Jr.), por questões de consciência,
parece até piada, acaba aceitando a proposta. Já Capitão América (Chris Evans),
arauto da liberdade individual que um bom americano defende até as últimas
consequências, não concorda. Junta aí um Bucky (Sebastian Stan) louco de pedra
que surta o tempo todo que tem o afeto do Capitão... E a treta está feita. No
decorrer do filme outros heróis apresentados durante a última década, através
dos filmes, acabam tomando partido do heroico capitão ou do inescrupuloso
empresário megalomaníaco, Tony Stark. E meu, coloque um sotaque bem carregado
paulistano nesse “meu”, a parada foi “phoda”, “du caráleo”. Segredos do passado
acabam por piorar toda a situação entre os dois personagens principais. E sem
entregar muito da história o “bagulho fica muito lôco.”
A
direção é pasteurizada, nada de novo debaixo dos holofotes, os atores fazem seu
melhor, conseguem entregar seus personagens redondinhos. Os efeitos são legais.
A aparição do Homem-Aranha(o novato Tom Holland) é legal, mesmo que o efeito
dos “olhos” fique um tanto forçado. O Homem-Formiga (Paul Hudd) é o mais
deslocado da história, mas nada que não esteja dentro do normal. Como adaptação, eu até li um quadro sobre como
foi a verdadeira “Guerra Civil” nos quadrinhos, dentro das possibilidades e simplificações,
está bem conduzida. Foi um filme competente na sua intenção: divertir. A não
ser para os, como já disse, fãs fiéis fundamentalistas.
O elenco
é quilométrico e bem conhecido de outros filmes com alguns acréscimos. Até um Martin
Freeman aparece fazendo a linha de político durão, porém pouco desenvolvido. Emily
Thorne (Sheron VanCamp) aparece para dar uns pegas no Capitão (Chris Evans com
um “Interlace” ferrado na cabeça), para tentar tirar a forte homoeroticidade
que ele desenvolve com o Bucky (Sebastian Stan) seu coleguinha dos tempos do
quartel. Longe de mim insinuar algo sobre os dois... E menção honrosa ao Pantera Negra (Chadwik
Boseman) com a melhor roupa de todas.
Agora falar
que foi espetacular, maravilhoso, fenomenal é um pouco demais. Tudo está ok
neste filme, ao contrário do “B vs S”. E, para nosso alívio, não tem nada sobre
a Martha, ou quase...
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