domingo, 6 de março de 2016

Séries: Lúcifer - "Táh Amarrado!"

Lúcifer - "Táh Amarrado!"



         “Credo!”, “Virgem Maria!”, Táh Loko?”, “Táh amarrado!”
         Se você pensou algo do tipo saiba que não estou fazendo apologia nenhuma ao tinhoso. “Lúcifer” é uma série americana baseada, de forma bem livre, na HQ Sandman de Neil Gaiman pelo selo Vertigo que pertence a DC que detém os direitos de vários heróis que estão em nossos corações, tais como Batman, Aquaman, Superman, Mulher Maravilha entre outros.  

         Resolveram fazer uma série para colocar esse personagem quase onipresente num canal de televisão, a Fox. Contrataram um galã bonitão, Tom Ellis, para o afetado Estrela da Manhã, ou como está na série, Lucifer Morningstar. É, ele não se esforça tanto quanto outros personagens ligados ao universo DC, através do uso de uma fantasia colorida, para esconder a verdadeira identidade. É vaidoso de mais para isso.   Ellis funciona muito bem em um primeiro momento como “Coisa-Ruim”. Tem carisma, um sorriso encantador e o charme encenado necessário para tentar personificar as especificações do roteiro.


         Sabemos, ou pelo menos julgamos saber pelas teorias de conspirações na internet, que a indústria americana de entretenimento tem uma fixação em colocar o Demo como personagem em todos os mais variados programas possíveis. A mitologia original por trás é simples, criado por Deus como criatura mais perfeita e inteligente dos céus é possuído pela soberba e resolve não seguir o enfadonho destino de todos os anjos, cultuar, louvar e idolatrar Deus por toda a eternidade. Resolve se rebelar e fugir da presença divina e cai, com um tanto considerável de outros anjos que dividem os mesmos ideais, inaugurando o inferno. Nesse meio tempo o ser humano é fabricado do barro e isso o afeta mais ainda criando um ciúmes pervertido. Privado da presença de seu criador ele resolve articular um plano para atingi-lo. Como Deus tem uma levíssima predisposição a não sofrer, Lúcifer resolve atingir seu antigo mestre corrompendo suas criaturas mais amadas: nós. O que desencadearia todo o plano de salvação que envolveria um povo esquisito que se autoproclamava ter sido escravo no Egito, sem provas reais disso, uma virgem em Nazaré que engravidaria e geraria o Filho Único divino que pregaria o Reino de Deus, seria perseguido e morto como bandido numa cruz com o bônus de três dias depois ressuscitar e dar origem, através de seus seguidores, a uma das religiões mais contraditórias do Ocidente. Essa é a história oficial que contam para os leigos.

         Segundo a versão da série Lúcifer fazia apenas o que Deus desejava, criando um equilíbrio no universo e punindo os humanos culpados de fazer algum mal sem arrependimento. Assim, cansado de servir de bode expiatório de Deus decide se rebelar de novo e sair do Inferno e viver entre os seres humanos.
 Abre uma espécie de boate de luxo, ou como no original, um piano bar com o nome de Lux. E vive tranquilamente entre prazeres, manipulações, sexo e vez ou outra ajuda alguém a sair dos “cuidados” de seu “pai”. E a ação motivadora da série começa aqui, já no primeiro episódio, Lúcifer está com uma protegida que ajudou a virar uma cantora de sucesso e quando estavam andando despreocupados pela rua ela é assassinada com vários tiros bem na sua frente. Contrariado vai tentar descobrir o assassino de sua “amiga” (??!!!) humana e se depara com uma detetive que não é afetada pelos seus poderes de persuasão, Chloe Decker interpretada pela bonitona Lauren German.

         A série seria promissora não fosse a tentativa desenfreada e obsessiva em tentar humanizar um ser mitológico de quatrilhões de anos elevado ao infinito que só é mais novo que o próprio Deus por motivos óbvios. E, lembrando das teorias das conspirações, fazer dele um personagem “fofo”. Não assisti a série inteira pois está inda em curso, só alguns episódios, e também não li as HQs. Porém, é um pouco irritante ver um personagem que é a manifestação do mal se encarnando e ficando bonzinho. Típico da pasteurização americana. Não que encarnar a manifestação do mal faria a série virar terror. Nem sempre o mal é carnificina, mutilações e desespero. Mas daí jogar uma redenção ao personagem já acho forçar a barra. É quase como se uma seita secreta estivesse dominando os EUA para popularizar “Sete-Peles” através dos meios de entretenimento e assim fazer com que muitas pessoas sucumbissem ao mal infernal, negando Deus...
         Ehrr! Ahn!!!


         Voltando do devaneio, a série se mostra promissora e simpática. Com momentos interessantes de humor negro e referências míticas bem colocadas. Talvez peque por usar um padrão de série de detetive manjado. Mesmo Lúcifer sendo bissexual, já mostram no segundo episódio uma referência a isso, sem contar seus trejeitos afeminados, ele sente uma queda pela detetive Chloe Decker. Então acaba sendo mais do mesmo. Preciso assistir mais episódios para tirar maiores conclusões. Mas ao contrário de Jessica Jones que até agora não tive vontade de continuar assistindo, Lúcifer está me chamando atenção. Dá vontade de continuar. E se isso acontece é sinal que a série está cumprindo a sua função primeira: divertir. 

Ah, só um "PS": claro que um grupo de cristãos tementes a Deus, gente de bem, defensora da família tradicional está rasgando as roupas, chorando e rangendo os dentes contra a série. Querem o cancelamento urgente da mesma pela Fox. E ao que tudo indica a Fox está cagando e andando para eles. Vamos ver o que rola.

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