Lúcifer - "Táh Amarrado!"
“Credo!”,
“Virgem Maria!”, Táh Loko?”, “Táh amarrado!”
Se
você pensou algo do tipo saiba que não estou fazendo apologia nenhuma ao
tinhoso. “Lúcifer” é uma série americana baseada, de forma bem livre, na HQ
Sandman de Neil Gaiman pelo selo Vertigo que pertence a DC que detém os
direitos de vários heróis que estão em nossos corações, tais como Batman,
Aquaman, Superman, Mulher Maravilha entre outros.
Resolveram
fazer uma série para colocar esse personagem quase onipresente num canal de
televisão, a Fox. Contrataram um galã bonitão, Tom Ellis, para o afetado Estrela
da Manhã, ou como está na série, Lucifer Morningstar. É, ele não se esforça
tanto quanto outros personagens ligados ao universo DC, através do uso de uma
fantasia colorida, para esconder a verdadeira identidade. É vaidoso de mais
para isso. Ellis funciona muito bem em um primeiro
momento como “Coisa-Ruim”. Tem carisma, um sorriso encantador e o charme
encenado necessário para tentar personificar as especificações do roteiro.
Sabemos,
ou pelo menos julgamos saber pelas teorias de conspirações na internet, que a
indústria americana de entretenimento tem uma fixação em colocar o Demo como
personagem em todos os mais variados programas possíveis. A mitologia original
por trás é simples, criado por Deus como criatura mais perfeita e inteligente
dos céus é possuído pela soberba e resolve não seguir o enfadonho destino de
todos os anjos, cultuar, louvar e idolatrar Deus por toda a eternidade. Resolve
se rebelar e fugir da presença divina e cai, com um tanto considerável de
outros anjos que dividem os mesmos ideais, inaugurando o inferno. Nesse meio
tempo o ser humano é fabricado do barro e isso o afeta mais ainda criando um
ciúmes pervertido. Privado da presença de seu criador ele resolve articular um
plano para atingi-lo. Como Deus tem uma levíssima predisposição a não sofrer,
Lúcifer resolve atingir seu antigo mestre corrompendo suas criaturas mais
amadas: nós. O que desencadearia todo o plano de salvação que envolveria um
povo esquisito que se autoproclamava ter sido escravo no Egito, sem provas
reais disso, uma virgem em Nazaré que engravidaria e geraria o Filho Único
divino que pregaria o Reino de Deus, seria perseguido e morto como bandido numa
cruz com o bônus de três dias depois ressuscitar e dar origem, através de seus
seguidores, a uma das religiões mais contraditórias do Ocidente. Essa é a
história oficial que contam para os leigos.
Segundo
a versão da série Lúcifer fazia apenas o que Deus desejava, criando um
equilíbrio no universo e punindo os humanos culpados de fazer algum mal sem
arrependimento. Assim, cansado de servir de bode expiatório de Deus decide se
rebelar de novo e sair do Inferno e viver entre os seres humanos.
Abre uma
espécie de boate de luxo, ou como no original, um piano bar com o nome de Lux.
E vive tranquilamente entre prazeres, manipulações, sexo e vez ou outra ajuda
alguém a sair dos “cuidados” de seu “pai”. E a ação motivadora da série começa
aqui, já no primeiro episódio, Lúcifer está com uma protegida que ajudou a
virar uma cantora de sucesso e quando estavam andando despreocupados pela rua ela
é assassinada com vários tiros bem na sua frente. Contrariado vai tentar
descobrir o assassino de sua “amiga” (??!!!) humana e se depara com uma
detetive que não é afetada pelos seus poderes de persuasão, Chloe Decker interpretada
pela bonitona Lauren German.
A
série seria promissora não fosse a tentativa desenfreada e obsessiva em tentar
humanizar um ser mitológico de quatrilhões de anos elevado ao infinito que só é
mais novo que o próprio Deus por motivos óbvios. E, lembrando das teorias das
conspirações, fazer dele um personagem “fofo”. Não assisti a série inteira pois
está inda em curso, só alguns episódios, e também não li as HQs. Porém, é um
pouco irritante ver um personagem que é a manifestação do mal se encarnando e
ficando bonzinho. Típico da pasteurização americana. Não que encarnar a
manifestação do mal faria a série virar terror. Nem sempre o mal é carnificina,
mutilações e desespero. Mas daí jogar uma redenção ao personagem já acho forçar
a barra. É quase como se uma seita secreta estivesse dominando os EUA para
popularizar “Sete-Peles” através dos meios de entretenimento e assim fazer com
que muitas pessoas sucumbissem ao mal infernal, negando Deus...
Ehrr!
Ahn!!!
Voltando
do devaneio, a série se mostra promissora e simpática. Com momentos
interessantes de humor negro e referências míticas bem colocadas. Talvez peque
por usar um padrão de série de detetive manjado. Mesmo Lúcifer sendo bissexual,
já mostram no segundo episódio uma referência a isso, sem contar seus trejeitos
afeminados, ele sente uma queda pela detetive Chloe Decker. Então acaba sendo
mais do mesmo. Preciso assistir mais episódios para tirar maiores conclusões. Mas
ao contrário de Jessica Jones que até agora não tive vontade de continuar
assistindo, Lúcifer está me chamando atenção. Dá vontade de continuar. E se
isso acontece é sinal que a série está cumprindo a sua função primeira: divertir.
Ah, só um "PS": claro que um grupo de cristãos tementes a Deus, gente de bem, defensora da família tradicional está rasgando as roupas, chorando e rangendo os dentes contra a série. Querem o cancelamento urgente da mesma pela Fox. E ao que tudo indica a Fox está cagando e andando para eles. Vamos ver o que rola.
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