sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Vai Que Cola: Funciona Melhor na TV

Vai Que Cola: Funciona Melhor na TV



        Nem sempre uma ideia que dá certo para a televisão consegue uma boa adaptação para o cinema. “Vai Que Cola” derrapa em tudo que dá certo no programa do canal Multishow. Toda a química do elenco e improvisação que dão o tom de comédia de auditório se perde. No programa da TV o ótimo Paulo Ricardo consegue fazer suas piadas darem certo com o tempo preciso da improvisação. No filme, ele tenta e pouco consegue.

        Basicamente o filme é a tentativa de Valdomiro voltar a morar na Zona Sul e limpar seu nome, e de quebra, por um problema típico carioca o povo da pensão vai morar com ele na sua cobertura dos sonhos.

        Enfim, o que dizer do roteiro, que tenta transpor para a “realidade” a vida dos personagens que estão sempre na pensão da matrona, que cultiva e gosta de umas ervas suspeitas, D. Jô/Catarina Abdala. A personagem Jessica/Samantha Schmütz, uma das mais engraçadas, acaba prejudicada e relegada e mera coadjuvante. Velna/Fiorella Mattheis consegue se destacar mais, coisa que não acontece na TV. Cacau Protásio que faz a impagável Teresa quase não aparece. É dado somente piadas manjadas com seu peso e seu jeitão suburbano. Os demais, como na televisão continuam sendo coadjuvantes e “escada” para as piadas mais engraçadas e motes para Valdomiro/Paulo Gustavo e para Ferdinando/Marcus Majella. Caruso tenta e só consegue ser ele mesmo. Realmente o carisma e a habilidade de improvisação que é o diferencial no programa faz muita falta no filme. Direção, fotografia e no geral produção bem básica.

Porém temos que dar o braço a torcer para com as produções nacionais que concorrem injustamente com as produções americanas. E em vários casos conseguem uma boa bilheteria.

        Vale prestigiar, vale quere assistir por não ser “legendado”, vale por ser fã do programa e nada mais. Caça níquel brazuca desnecessário. Entre o filme e o programa da televisão, o programa acumula todas as qualidades e o humor.


        Um “ps”: certa vez assisti um vídeo do ator Paulo Gustavo ridicularizando uma crítica do filme “Os homens são de Marte e é pra lá que eu vou”. Era um crítico conceituado de uma revista “conceituada”. Só fico imaginado se ele lesse a aminha humilde resenha/crítica. Coitado de mim... Nada pessoal viu!!!  

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Um Senhor Estagiário: Não Deixe passar

Um Senhor Estagiário: Não Deixe passar




         Esse é bem daqueles filmes que assistimos o trailer e deixamos para depois. E o depois se estende e quando percebemos já não é lançamento e deixamos para lá. Seu destino corria nesta direção se por vários infortúnios da vida eu não acabasse o feriado prolongado sozinho em casa e enfastiado de tudo, sem ânimo para nada, nem assistir filmes. Até que resolvi dar uma chance para “ Um Senhor Estagiário”. E digo que o trailer não faz jus ao que o filme é.

         É um “água com açúcar” bem feito, honesto e muito simpático. Antes de falar qualquer coisa tenho que citar a diretora, que é também roteirista e produtora: Nancy Meyers.  Tem um repertório de comédias românticas em seu currículo de diretora: “Simplesmente Complicado”, “Amor Não Tira Férias”, “Alguém Tem Que Ceder”, “Do Que As Mulheres Gostam”. Também responsável pelos roteiros, com exceção do “Do Que As Mulheres Gostam”. E uma surpresa agradável é que ela foi uma das roteiristas de “Recruta Benjamim”, uma comédia divertida com a Goldie Hawn no papel de uma mulher rica que acaba se alistando no exército e sofre todos os tipos de humilhações possíveis, no longínquo ano de 1980. O interessante que o foco dessa diretora parece ter mudado, antes comédias românticas com mulheres jovens, de um tempo para cá passou a ter um viés mais amadurecido. Falando de uma idade onde muita gente quer apenas pendurar as chuteiras, principalmente no quesito amor. Ela dá uma mostra que o mundo dos idosos é mais que netos e clubes de terceira idade. Lógico que isso nos EUA, onde não há os problemas brasileiros. Onde uma pessoa precavida consegue ter um fundo de aposentadoria digno, mesmo que privado.


         Em “Um Senhor Estagiário” vemos Ben Whittaker voltar a trabalhar em uma empresa de comércio eletrônico por um programa social de estágio para idosos. E lá ele começa a fazer diferença na vida dos funcionários de forma divertidamente anacrônica. Mas a principal afetada, positivamente, pelo “novo” estagiário é a dona da empresa, uma mulher totalmente atarefada e que não gosta de intimidade com os funcionários, Jusles Ostin, e acaba tendo no antiquado, porém sempre correto, Ben um apoio maior do que imaginaria. Até aí tudo bem, se não fossem os atores que interpretam esses papéis: Robert De Niro e Anne Hathaway.

         Há anos que não vejo uma interpretação de De Niro que realmente me prenda. Pode ser uma heresia o que escrevo aqui, mas nunca gostei muito dele como ator. Sei o quanto ele é “venerado” na indústria cinematográfica, só que eu não consigo gostar tanto dele assim. E confesso que por isso, até hoje, não assisti “Taxi Driver”. Sim, me julguem, e muito. Contudo dificilmente vejo outro ator para esse papel. Depois de ver De Niro e sua “química” com Hathaway é inegável que eles são a alma do filme. Lógico que não são um par romântico, isso seria muito avançado para os padrões de Hollywood, mesmo que a realidade o contradiga, ficam na zona de conforto da amizade paternal/filial. E funciona bem. Com a única exceção da situação da casa da mãe da Jules, o filme todo funciona tão perfeitamente que nos dá aquela sensação gostosa que só um filme leve pode proporcionar, com certos momentos de ternura sem cair na pieguice. O filme faz acontecer o que propõe: diversão. 



         Entre vários filmes que ousam prometer algo que não cumprem, este foi um grande alívio para a alma neste feriado. E olha que não esperava nada dele. É um filme “mulherzinha”? Acho que não. Só homens inseguros com sua própria sexualidade pensariam dessa forma. Pelo contrário, percebo que tenta mesclar o que há de melhor nos filmes de público feminino com uma visão masculina, um tanto romantizada admito, do que é ser um homem. Infelizmente se estiver acostumado a soco, pancadaria e homens anabolizados, esse não é seu filme. Porém ajudaria mais nessa visão um tanto estereotipada do que é ser “machão”. No mais, quem gosta de filmes leves assista esse. Aproveite... De preferência com a namorada ou namorado do lado, com umas guloseimas... Eu assisti sozinho...  :’(