domingo, 27 de setembro de 2015

Que horas ela volta? - Preguiça!

Que horas ela volta? - Preguiça!




         Eu sempre gostei de filmes “arte”. Já tive muita coragem de enfrentar títulos que não são do agrado de muita gente. E até consegui gostar de filmes absurdamente chatos. Mas sempre perco um pouco de paciência com os tupiniquins. “Central do Brasil” foi um filme que achei “chato pra kharalho”. E lá estava ele no Oscar. Já “Cidade de Deus” achei um pouco melhor, e lá foi ele para o Oscar. Dificilmente rio em alguma comédia nossa, se bem que nem nas comédias gringas, Sinceramente não vejo vantagem nas nossas produções. Principalmente diante do valor exorbitante que um ingresso de cinema atinge. E realmente não ligo para o bordão “devemos valorizar o que é nosso”. Valorizo sempre o que quero, e principalmente o que gosto. Não sou nacionalista, sou sim fruto do sistema capitalista, e ultimamente ando percebendo que meu dinheiro é muito suado para “investir” em porcaria. Ando pesquisando antes de consumir. Sem contar que em muitos casos me assusta os “incentivos” que os filmes nacionais conseguem. Filmes que deveriam se bancar sozinhos, não o são, e mais uma vez o dinheiro público anda ajudando muito mais a interesses escusos que a verdadeira arte.


         Sem entrar mais nessa questão, e sei que muitos não concordarão comigo, vou de supetão com uma crítica ao “Que horas ela volta?”: é chaaaato... Dá preguiça. Tem um monte de cenas que enchem linguiça. Daria um ótimo curta, mas um longa perde o fôlego e brinca com nossa tolerância. Como muitas histórias de nosso repertório nacional. E andei lendo a respeito de uns brasileiros “envergonhados” com as atitudes retratadas no filme, sendo que é mais que comum. Minha mãe foi empregada doméstica e os patrões conseguem ser até piores. E tudo envernizado com a famosa frase: “Mas a fulana é praticamente da família”. E antes que menos se espere eles metem o pé na bunda da dita cuja que “é praticamente da família” ou a exploram mais. O raro é o que acontece no filme, que não vou dizer o que é por não querer entregar o fim...


         Tanto é normal o regime escravocrata das empregadas domésticas no Brasil que elas conseguiram os poucos “direitos” trabalhistas recentemente. E ainda tem patroa que achou o cúmulo ter que seguir as novas normas.

No filme vi um roteiro arrastado, uma atuação competente de Regina Casé, que a todo momento se centrava para fazer uma nordestina reprimida pelo ambiente de trabalho que deixa a filha na sua terra natal para ganhar a vida em São Paulo, evitando ao máximo sua veia cômica, e só temos a ganhar quando não consegue. Há atuações mornas dos demais atores. E a história é bem típica nas classes médias por aí. O pai é um bundão que vive um casamento de fachada que já não o completa mais, e tem medo de se envergar a um novo patamar. O filho, que herdou "hereditariamente" (percebam a redundância) a incompetência paterna, não consegue passar no vestibular, se reconforta na maternidade roubada da empregada, que carente por ter abandonado a filha, o mima como jamais fez pela sua cria e ainda ganha o prêmio dos grandes fracassados de classe média alta: uma viagem de intercâmbio. A mulher é simplesmente a figura “trabalhadora” que, encostada no dinheiro do marido se faz a grande mulher de sucesso, numa simulação de uma carreira eficiente e reconhecida. Incapaz de ter o amor do filho, incapaz de sequer dar valor a um presente dado pela empregada, incapaz de ver a infelicidade do marido, incapaz de ver a própria infelicidade. Só se torna capaz de se sentir ameaçada pela filha novinha, porém comum, da empregada, pois esta acaba por avançar os limites que uma mulher de bem e rica sempre impôs à sua serviçal.


         O filme não avança para ser mais ousado. Fica em águas rasas e por pouco, bem pouco mesmo, não afunda de vez. Porém como todos andam tão ansiosos por uma grande produção brasileira, as migalhas dadas por “Que horas ela volta?” parecem um grande banquete.

         Para finalizar, só ilustrarei com a imagem abaixo meu sentimento em 10 minutos de filme, que se estendeu até o fim:





PS. Discordem de mim... Faz parte!!! 

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Netflix: Vantagens X Desvantagens

Netflix: Vantagens X Desvantagens







         Acostumado a falar de filmes e um pouco de livro, umas crônicas pessoais aqui, uma tentativa de ficção ali, um poema, e trabalhos acadêmicos, que obviamente não publiquei no blog, hoje vou tentar algo um pouco diferente, uma reflexão sobre a plataforma on line Netflix.

         Lembrando que não sou um “especialista”, sou um entusiasta e admirador do ato de escrever, e meu enfoque acaba sendo um pouco (ou muito?) subjetivo, mesmo tentando ao máximo ter senso crítico. Sou fã de cinema, e já assisti um tantão de filmes de todas as épocas e gêneros variados. E como base teórica para poder dar uma profundidade, que sei que nem sempre consigo, eu uso o que aprendi na faculdade de Letras, que concluí este ano, principalmente um pouco da teoria Análise de Discurso, e na faculdade de Filosofia, esta não cheguei a ter o diploma, por várias questões, mas tenho a teoria.  E principalmente: não estou recebendo pela publicidade. Enfim, sem mais delongas vou ao assunto.

         O Netflix está no mercado e tem uma proposta comercial: vender um produto. Como no ramo do entretenimento o produto é mais “perecível” ao gosto popular, este é sempre o critério que permeia as escolhas da produção. Porém, como vemos um pouco no circuito dos grandes estúdios hollywoodiano, os produtores, para garantir o lucro, nem sempre vão pelo caminho da inovação. Escolhem histórias de sucesso para adaptarem aos cinemas (Harry Potter, A Culpa é das Estrelas, os heróis dos quadrinhos, etc) ou estão investindo nas franquias (Missão Impossível, Todo Mundo em Pânico). Ou ainda, o que é pior, em fórmulas manjadas, sem nenhuma pitada de tempero... (!!!).

         A televisão está conseguindo maiores resultados em inovação que o cinema no momento. Percebemos pela qualidade das críticas que muitas séries televisivas vêm recebendo e a quantidade de público que vêm conquistando. Sei que há exceções de ambos os lados. Mas no geral é um pouco disso. E no meio do caminho surge o Netflix com uma proposta mais atual, o uso da internet como uma espécie de locadora virtual. Com isso não ficam controlando necessariamente a audiência pulverizando os episódios, quando séries, ao longo de semanas intermináveis. Já colocam a temporada inteira para o assinante escolher como e quando quer assistir. Eu já mostrei muito meu desgosto em ficar esperando o próximo episódio semanal de uma história que acabei por gostar muito. Isso é um balde de água fria. Então, nesse quesito, é ponto para o Netflix em relação ao serviço disponível pelos canais de Tv.

         Site limpo e de fácil manuseio que nos proporciona o essencial para escolher o que mais nos agrada. Sem contar que possui o recurso “Minha Lista” que facilita aquele impulso que temos em ver um título e deixar para depois, e nunca mais lembrar dele. É legal, não uma necessidade, mas ao fim do filme ou episódio de série o assinante pode dar até 5 estrelinhas como nota. E isso também pode, ou não, nos ajudar na escolha de um título quando estamos em dúvida. Afinal a “capa” e a sinopse podem vender um gato sarnento como se fosse uma suculenta lebre. Entre os recursos básicos de classificação dos títulos por gênero temos também um suporte nos mostrando as “novidades”.

         O preço é bem acessível R$ 19,90 e estou no período de degustação. Um mês grátis para conhecer a plataforma. Esse plano básico é de apenas uma tela com definição padrão. Duas telas, com alta definição, sobe para R$ 22,90 e quatro telas, com alta definição e ultra definição disponíveis, R$ 29,90. Debitado tudo de seu cartão de crédito. Estou usando o plano de duas telas e não vejo diferença substancial entre o plano de uma tela. Os puristas e perfeccionista irão querer sempre o “melhor”, afinal R$ 3,00 não fazem diferença nenhuma, não é? Bom, dinheiro é dinheiro, e o modo como lidamos com ele é sempre determinado culturalmente, então nada mais brasileiro que querer o máximo para ostentar. Nem sempre somos práticos. No mais, cada um sabe do próprio bolso. Particularmente não vejo necessidade de ficar com o plano mais caro, em minha casa só se assiste em uma tela por vez e a definição padrão não é um problema real para nós. O preço padrão é bem convidativo. Mesmo o plano de duas telas já está de bom tamanho. Quatro telas eu acho um tanto exagerado. Também, frisando a ideia, a questão de custo/benefício (apesar de não gostar muito dessa terminologia) vai de gosto.


       
  Filmes

         Como já comentei em outra postagem que fiz, há filmes variados, desde clássicos, até lançamentos de outros produtores. Isso ajuda na diversidade. Contei mais de 140 filmes no gênero Drama, e ainda tem Ação, Animes, Fé e Espiritualidade, LGBT, Musicais e mais 15 gêneros. Cada gênero tem uma classificação por subgêneros que nos ajuda ainda mais a procurar estilos que gostamos. Lembrando que tudo é de fácil acesso e bem simples para se achar de forma intuitiva.    

         As produções próprias estão iniciando agora, há estreia programada para 16 de outubro. E pelo trailer que assisti de “Beasts of No Nation” promete impacto. Os críticos já estão aclamando positivamente. Porém ainda são poucos filmes próprios. O forte são as séries.

         Uma coisa que parece óbvia, mas não é, é a possibilidade de assistir a qualquer filme, ou até a série, parar, desligar tudo e quando voltar o canal on line deixa continuar a assistir ao filme dos exatos minutos e segundos que se parou. Isso ajuda muito quem não é tão atento, assim como eu. Pois ficar procurando a cena onde se parou traz um certo desgosto. Soube que o Netflix está finalizando contratos com grandes distribuidores de filmes e muitos deixarão de elencar sua lista. Porém, outros virão. Tudo variando de acordo com esses contratos que estão em negociação.


           Séries

          Já comentei isso, ter a temporada inteira para assistir, quantos episódios quiser sequencialmente, é o máximo do comodismo que eu poderia ter. Odeio esperar uma semana pelo próximo episódio.

         E pelo que li por aí o canal se interessa pela originalidade e interfere minimamente no roteiro depois de aprovado. O que não acontece na televisão. Por isso, em muitos casos, os personagens mudam tanto de atitude que não os reconhecemos após duas temporadas. São os números que mandam e não a ideia do autor. Nem sempre o produtor tem uma visão do personagem tão apurada quanto o roteirista. Por mais que pode dar certo ou errado, seguir a ideia original do criador é sempre mais interessante, por menos que se goste do resultado. Seguir o que o produtor acha que deve, pelo quesito econômico, é algo que não me agrada.

         Os títulos entre tantos são: House of Cards; Orange is the New Black; Lilyhammer; Hemlock Grove; Arrested Development (4ª temporada); Better Call Saul; O Demolidor; Bloodline; Sense8; Grace & Frankie. Acabei deixando alguns de lado, já aviso. A minha queridinha até agora é “Sense8”. Já até fiz uma resenha sobre essa série dirigida pelos irmãos Lara e Andy Wachowski. Outro bem legal, mas com uma pegada mais juvenil, é “Helmlock Grove”, um “terror soft” sobre a improvável amizade entre um lobisomem cigano e um vampiro aristocrata numa cidade onde coisas estranhas, além deles, acontecem. Já “Grace & Frankie” foi um alívio cômico, bem dramático, que me surpreendeu, estou em falta com uma resenha sobre a história das duas amigas que têm em comum o divórcio com os maridos, que são amantes, depois de 40 anos de casamento além das dificuldades próprias da chamada “3ª idade”. Já li vários elogios a outras séries, principalmente “House of Cards”. Porém assumo que não assisti. “Orange is the New Black”, a sensação das séries, só foi possível ver um episódio por enquanto e mostrou muito promissor.

         Consta várias indicações ao Globo de Ouro nos últimos anos, já foi ganhadora em outros momentos. Só para ilustrar o nível de qualidade, mesmo que seja meramente mercadológica. Anda assustando um pouco a televisão que tenta revidar com produções tão boas quanto.


         Documentários

 
Assisti somente um “What Happened, Miss Simone?” que valeu já o trabalho da assinatura. Tanto que também comentei aqui mesmo no blog. Outras produções estão esperando tempo para serem usufruídas.















           Comentário final

         Mesmo com toda comodidade e qualidade, sinceramente ando em dúvida sobre continuar ou não com a assinatura. Tenho ainda até dia 10 deste mês para uma melhor avaliação. Eu demoro muito para me convencer de certas coisas. Principalmente com as facilidades que a própria internet disponibiliza. Com um bom sinal e uma máquina adequada conseguimos o mundo. Espero que me entendam. Para ajudar temos que entrar em números. Lembro que meu forte não são os números, sou de humanas e precisei de um dia inteiro para fazer esses cálculos. Se estiverem errados... Me corrijam por favor.  Para se ter base vamos levar em consideração uma renda de uma pessoa que ganharia em torno de R$ 2500,00 e fosse responsável por si mesmo com as despesas padrão de aluguel, água, luz, comida, etc. Se considerar apenas o valor em si, não pesa, mas para acessar o site do Netflix precisa-se de um sinal de internet. Este é disponibilizado somente em planos “combos” TV/Fone/Internet. O preço médio é de R$ 150,00, ou seja, arredondando temos um valor no plano básico de ambos os serviços de R$ 170,00. Esse total corresponde a quase 7% (6,8%) do gasto da hipotética pessoa que estamos usando de referência. Só o Netflix seria quase 1% (0,8) mas lembro que é impossível desassociar o serviço do Netflix do serviço de Internet que no Brasil é sempre vinculado ao Combo. Os 7% podem fazer uma baita diferença num orçamento apertado. Pois sabemos que o aluguel é o que come mais a renda de qualquer pessoa ou família. Por outro lado, também temos que considerar que é impossível hoje em dia ficar sem internet, o gasto então será necessário. Agregar ou não o Netflix fica a critério. Então, no fundo eu concluo que o o Netflix não é o problema. E para nos ajudar, vamos lembrar que o preço do cinema está em média R$ 25,00, UM (1) filme. Netflix bem menos; é mensal, com todos os filmes e séries da lista disponíveis. Dando várias horas de entretenimento. Então sem comparação. Apesar de muitos filmes não irem para a plataforma.


         Sem chegar a minha conclusão pessoal, eu deixo para cada um decidir onde e como o gasto é mais útil. 


sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Entressafra

Entressafra




         Nessas últimas semanas ocorreu um fenômeno bem curioso. Não havia filmes legais para assistir. Entramos numa entressafra minguada da indústria hollywoodiana. Lançamentos mornos ou totalmente frios nos fuzilaram. E em consequência não tive vontade de assistir nenhum filme. Prefiro guardar meu, cada vez mais suado, dinheirinho. Afinal enfrentamos uma crise fantasma, pois uns acreditam em sua existência, outros não. De minha parte só sei que o poder aquisitivo diminuiu, e isso é crise, ou no mínimo me deixa em crise.

         Não ando observando muito o circuito alternativo, sei que é uma falha, mas títulos como “O Quarteto Fantástico”, “Missão Impossível – Nação Secreta”, “Corrente do Mal”, “Exorcistas do Vaticano”, “O Pequeno Príncipe”, “Expresso do Amanhã”, “A Entidade 2”, “Agente U.N.C.L.E”, “Você acredita?” e até mesmo “Ricki and the Flash”,  com a ótima Meryl Streep, me causaram tanta preguiça que culminaram em economizar o dinheiro da bilheteria. Aí pode-se pensar “AHHH temos os filmes nacionais!!!”. E mais desgosto me causa: “Carrossel -  O Filme”, “Meu Passado Me Condena 2”, “Linda de Morrer”. Entre o fiasco dos quatro heróis da famosa HQ, a volta da franquia, que só consegui assistir o primeiro filme, do Tom Cruise, uma “revisão” do clássico mais lido pelas Misses Universo, produções apelativas e mesmices eu não vejo salvação. E Streep, bom, ela é ótima, quando faz filmes icônicos e poderosos, esse não parece ser um deles. E nos nacionais me dá gastura de pensar no Fábio Porchat sendo ele mesmo em mais um filme. Ando até pensando em lançar uma campanha em minha vida, só para mim mesmo, com o tema “#pormenosfabioporchatnavida”. Chatice alheia é sempre bom evitar. Glória Pires em uma pretensa história cômica sobrenatural também está difícil de engolir. E também já tive cota suficiente de Carrossel em minha vida. Sei que muitos desses filmes miram e acertam num número grande de público. Porém o alvo passou longe de minha carteira.

         E como nem tudo é 100 % escuridão, eu ando avaliando o conteúdo do Netflix. Alguns filmes bem interessantes, alguns seriados que já assisti, uns filmes bobinhos mas simpáticos, uns clássicos aqui, outros ali, mas nada que ainda valha ter uma assinatura mensal permanente. Sim, estou no mês de “degustação” e já quero cancelar. Na minha lista de favoritos consta uns 45 filmes que não são tão favoritos assim para assistir. Porém, um lançamento novo se anunciou “Narcos” produção nacional do próprio Netflix. Tentarei nos próximos dias assistir.
         Voltando ao cinema, uma luz pode vir com “Que horas ela volta?”, não comentarei nada antes de assistir. No mais eu fico no limbo existencial que me encontro, no vazio atávico que me causa a falta de um bom lançamento e tento me entregar um pouco mais aos projetos do meu trabalho. E logo mais surgirão os lançamentos de fim de ano que prometem... Bom eles sempre prometem! Acho que o jeito é ir aos livros como tábua de salvação. “Bora” ler!!!!