O Melhor Lance
Refresco aos olhos cansados de efeitos especiais.
Tentarei falar desse filme sem
entregar muita coisa, pois é um suspense. Apesar da sensação de já ter
assistido ou lido essa história em algum lugar...
Resumidamente: Virgil Oldman (Geoffrey
Rush) é um renomado leiloeiro e apreciador de arte. Ele consegue reconhecer
quando uma obra é verdadeira ou mera falsificação. E ele tem problemas graves
em relação ao convívio com outras pessoas. Não querendo tocar ninguém, usa
luvas o tempo todo para sua proteção. Cheio de manias. É “virgem” não possuindo nenhum contato com
mulheres a não ser pelas obras de arte que coleciona obcessivamente e contempla
com um prazer fora do normal. Até que um dia ele se depara com um enigma: Claire
Ibbetson (Sylvia Hoeks), uma herdeira que o contrata para avaliar o espólio da
herança que recebe de seus pais. Ela sofre de agorafobia, doença que o intriga
e o fisga de tal forma que ele se vê obsessivo pela garota. E ao mesmo tempo
outro fato chama sua atenção: Virgil encontra peças espalhadas pela casa. Ao
mandar para Robert (Jim Sturgess), um “conserta tudo” que lhe presta alguns serviços,
essas engrenagens, ao que tudo indica, são pedaços de um humanoide de Jacques
de Vaucanson, do século XVIII, Artefato de valor incalculável. E nisso os laços
com a garota se estreitam ao mesmo tempo em que Robert se torna seu confidente
e conselheiro amoroso.
O filme conta ainda com uma
participação bem especial de Donald Sutherland como amigo de trambiques de
Virgil /Rush. E o diretor é ninguém menos que Giuseppe Tornatore do aclamado
filme “Cinema Paradiso”. E aqui deixo um pouco o enredo de lado e falo das
qualidades desse filme.
Depois de tantos “arrasa quarteirões”
hollywoodianos cheios de efeitos especiais é um alívio assistir “O Melhor Lance”.
Não é uma história ligeira, mas nos fisga. É um pouco parado para os padrões
dos acostumados a edições vertiginosas. Para quem gosta de um filme de
atuações, aviso, Rush está perfeito com mais um personagem cheio de maneirismos
e trejeitos. Os interpretes dos personagens “secundários” são competentes. E a
direção do Tornatore é absurdamente precisa. A direção de arte é soberba. São tantas
obras reproduzidas que fica impossível captarmos todas.
Talvez não seja um filme que
fará bonito nas bilheterias, pois é bem atípico. Porém para quem gosta de
filmes, não importando o gênero, é um refresco aos olhos. E por mais que eu
tenha a sensação de ter já visto essa história em algum lugar, ela nos prende. Faz-nos
querer chegar ao final para saber o que está acontecendo.
Enfim, vale muito o ingresso,
cada dia mais caro. E um esquecimento meu: trilha sonora de Ennio Morricone. Se
não sabe quem é, nem perca seu tempo, pode ser um filme que você não goste
tanto. Ou quem sabe, se surpreenda.
vinimotta2012@gmail.com
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