segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Christopher Robin - Um Reencontro Inesquecível



Christopher Robin - Um Reencontro Inesquecível


        



   
     Este filme não é muito para o brasileiro, não que os outros sejam, afinal não somos pensados como público alvo. Digo isso pela temática de “reencontrar a criança interior”. No nosso país esse não é problema. Só lembrar episódios patéticos que marmanjos bradam com convicções defendendo alguma idiotice “Era só um garoto...”, “Ele tem espírito de criança ainda...”, “São garotos não sabem o que fazem...”. E quando pensamos que é um problema só dos homens, eu recordo que têm muitas mães que tratam os “filhilhos” como incapazes etários, lavando passando, cozinhando e fazendo suas vontades, mesmo o “neném” tenha já seus quarenta anos. Exagero meu? Conheço quem queira tomar leite com toddy levado na caminha antes de dormir pela mamãe... Ops... Perdendo o foco...
        
Eu mesmo não sabia antes que, na história original, o personagem principal não era o meigo ursinho, era Christopher. E que tinha sido baseado em fatos reais sobre uma ursa ter chegado ao zoológico de Londres. Nesse ensejo, o garoto Christopher ganha uma coleção de bichinhos de pelúcia, um urso, um porco, um tigre, um burro e um canguru que ainda são mantidos relativamente intactos em Nova York em algum museu, pelo que sei. O filme toma de uma temática saudosista. Ao contrário do brasileiro, Christopher é assolado pela vida adulta e esquece seus amados brinquedos que tomaram vida em sua fértil imaginação. Com os problemas e as descobertas da vida adulta não há espaço mais para Pooh que espera seu amigo voltar. Contudo a criança interior nunca abandona a pessoa e numa situação corriqueira com sua filhinha, que sofre com a ausência do pai, que trabalha demais, através de Pooh, ela acorda e volta para a vida de Christopher. Como bom anglo-saxão primeiro ele tenta resolver tudo de forma racional e esbarra em duas coisas: todos conseguem enxergar o Pooh, um ursinho de pelúcia encardido falante, e segundo, diante de uma barriguinha faminta como se controlar? É necessário mel, muito mel!
        
De forma periférica o Ursinho Pooh, aqui ainda era “Puff”, fez parte de minha infância, pouco com desenho, e mais com os almanaques de férias da Disney. Gostava muito da figura comilona. Identificava-me muito com a simplicidade desse urso que vivia se metendo em encrencas por um bocado de mel. Eu como criança gordinha, que adorava comer, era um Pooh em vida. Assim, fiquei feliz quando foi anunciado o live action dessa história. De inicio pelo teaser que vi achei feios os bichos, porém, pela lógica e recordando a aparência dos originais, que citei acima, faz sentido a estética escolhida pelos produtores. No mais o filme, tirando a nostalgia, é bem comum. Ewan McGregor faz o garoto que cresce e esquece seu camarada de pelúcia e todos seus amigos. Uma ressalva sobre esse ator, ele ficou tão sem graça, prometia tanto em “Transporting” ou ainda “Cova rasa”. Não que ele seja ruim, ele é bem competente. Mas sem grande expressão. Ele ficou bem pasteurizado, e olha que ele sempre está em grandes produções.
        
Enfim, o filme é fofo, mesmo não falando diretamente a nós. Ver o Pooh ganhando vida em telas é de dar aquele arrepio na alma. Vibrar com suas atrapalhadas, como confundir uma prateleira com uma escada ou ficar emocionado e feliz com um balão vermelho, cutuca lá dentro nossa criança interior, por mais externalizada que ela seja por aqui. É um filme pipoca que garante um “ownghtchy” de suspiro nostálgico. Mesmo tratando de clichês já. Mas como um amigo, mais novo, me lembrou, nem todo mundo presta atenção nisso ou viu outros filmes com esses clichês. É, realmente acho que meu velho interior colocou a coleira na criança interior e a amordaçou, ou está tentando, ando bem cri-cri, até termos antigos uso e estou gostando de coisas de pessoas mais velhas. Socorro!






quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Animação: O vazio - Netflix

O vazio - The Hollow





         
The Hollow, no original, começa com um mistério: uma garota e dois garotos presos numa sala, ao estilo "Jogos Mortais", sem saída aparente, e sem serra ou grilhões atados aos pés. Afinal é uma animação para a garotada e sangue não é bem-vindo.  Para ajudar no mistério, não lembram de nada, nem os próprios nomes. Tudo instiga a curiosidade de todos. E conforme os capítulos são transpostos vai ficando mais interessante. Até que lá pelo sétimo episódio, quando começa a perder a força e a graça.
Algumas coisas já são "resolvidas" e a força do mistério vai dissipando até um fim um tanto frustrante. O desenvolvimento não é tão primoroso. O desenho em si é bem comum em seus traços grossos. Como diversão para um fim de semana, sem nada de interessante,vale o tempo empregado.

Os personagens não são rasos e isso é um ponto alto. Pensamos estar diante de clichês e eles são trabalhados de uma forma um pouco além do óbvio. Mas essa profundidade se perde ao sabermos o que realmente está acontecendo. 

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Clássicos: Núpcias do escândalo

 Núpcias do escândalo 






            O título em português é um soco no estômago conservador da época que estreou por aqui "Núpcias do escândalo" que no original é apenas "The Philadelphia Story". O "escândalo", para a família brasileira de bem dos anos de 1940, nada mais é do que uma mulher independente, Tracy Lord, interpretada pela fabulosa Ketharine Hepburn, definir suas escolhas românticas. O filme é bem sutil com as situações, mas vemos no começo Tracy colocando para fora o marido Dexter, vivido por Cary Grant no auge de sua beleza.
Ainda percebemos que ele insinua dar um soco no rosto da esposa. Pula-se vários meses e descobrimos que Tracy acabou o casamento por um "capricho" feminino, e ao longo da narrativa descobrimos  que o capricho é relacionado a Dexter não beber mais, o que fazia com muita frequência. Porém, a fila anda, e Tracy irá se casar de novo com George (John Howard) um novo rico local. Mas só reafirmando aqui, Tracy é independente, rica não precisa se sujeitar a algo que não queria. Nem a seu pai, que traiu sua mãe com uma dançarina, se sujeita e não o convida para o casamento. É nessa "sutileza" do roteiro, de Tracy terminar o primeiro casamento por causa de bebedeira do esposo, que vemos a grandiosidade de "The Philadelphia Story" que foi uma adaptação de um livro, homônimo, de Philip Barry. 
  Hepburn está fabulosa e foi indicada ao Oscar perdendo para Ginger Rogers no filme "Kitty Foyle". Dou essa referência do prêmio Oscar por ainda ser um grande comparativo. Mas saibam que tenho ressalvas a este prêmio, e não poucas. Como ator principal James Stewart foi contemplado com o mesmo. Realmente ele está ótimo, um papel que repetiria sempre em tela, o cara bom, esforçado e meio desiludido por vários motivos da vida. Grant não foi lembrado em nenhuma indicação mas ele tem um peso com sua interpretação forte de um homem que quer recuperar sua amada ex-esposa e cria um plano mirabolante e manipula a todos para conseguir seu intuito. Grant só receberia um Oscar honorário em 1970. 

Então, a história é simples: um marido, Dexter (Grant), que quer reconquistar a ex-esposa, Tracy (Hepburn), e no meio do caminho cria um plano complexo, pois ela já está noiva novamente, mas envolvido nesse plano, Macaulay Connor (James Stewart), acaba por se apaixonar por Tracy desmerecendo sua fiel escudeira/companheira Elisabeth Imbrie (Ruth Hussey). No fundo o "escândalo" foi em função de insinuações sobre um possível triangulo (ou quarteto?) amoroso, pois Tracy acaba balançando por Connor porém a moral americana ainda acaba tendendo não pela ruptura definitiva do primeiro casal e sim pelo reatamento entre Tracy e Dexter e, finalmente Connor e Imbrie. Nessa quem acaba sozinho é George. Até o pai de Tracy volta para casa e sua esposa o perdoa. Tudo muito conservador apesar do "embrulho" moderno. 
         
 Com toda certeza que esse filme é um avanço no esquema de mocinho e mocinha em filmes de comédia romântica e também na construção de uma personagem forte feminina que não aceita o que a sociedade lhe impõe.              Atuações inspiradíssimas, roteiro leve, apesar do tema espinhoso, omissões de informações bem pontuadas para poder ficar claro o que não se falou. Tudo conclui para uma ótima obra.           
       
  A direção fica ao encardo de George Cukor que consegue tirar o máximo do roteiro e dos atores. Um filme que vale o tempo gasto para assistir e, apesar de algumas perrengas conservadoras, ainda nos diz muito nesse ano de 2018.