Extraordinário - Quando tiver que escolher [...] Escolha ser gentil
Como
demorei para escrever algo neste mês de outubro. Correrias, correrias,
correrias do cotidiano que culminam em não se conseguir fazer nada ao mesmo
tempo que se deixa tudo para depois. E o depois acumula em mais depois.
E
o primeiro comentário de outubro não será de nenhum filme e sim de um livro.
Sinceramente, já falei muito sobre isso em outras postagens, ando desacorçoado
com os filmes que estão surgindo. Tudo mais do mesmo de sempre. Aí eu me
recolho ao mundo dos livros. E mesmo não desbravando os clássicos me surpreendo
com uns fenômenos comerciais. Os “pipocas” das editoras.
“Extraordinário”
não é nenhum livro extraordinário. É apenas divertido, ou melhor, é um livro
com uma história fofa. Trata de temas um tanto quanto pesados de forma
simpática. E isso pode ser uma forma diferenciada que dê um leve toque da
pretensão do título.
Na
verdade, em momento algum o livro quer ser mais do que é. E isso é uma boa
virtude. Com vários narradores a história desenrola a vida não tão fácil de
Auggie, August Pullman, um garoto de 10 anos que vai para a escola pela primeira
vez na vida, pois tem uma deformidade no rosto. Por causa dessa deformidade foi
obrigado a ficar em casa se recuperando de algumas cirurgias que tentaram melhorar
sua aparência e ao mesmo tempo combater as sequelas da doença hereditária que possui,
apesar dos pais e da irmã não terem desenvolvido nenhum grau da mesma. Na escola ele enfrenta
todos os tipos de perseguições e maldades que crianças são capazes de cometer
com alguém diferente. O livro vai mostrando que, apesar dos problemas, Auggie se
entrosa com os amigos do 5º ano do ensino fundamental de uma escola particular com
o seu jeito e carisma. Lida com o preconceito, e com o bullyng, de uma forma
bem natural, mesmo sofrendo com isso. E a mensagem que fica é a nova obsessão dos americanos
“ser mais gentil com o diferente”. O bordão preferido de Ellen DeGeneres. O livro
é terno, e apesar do tema, é leve e descontraído. Ao mesmo tempo que podemos
arfar mais pesado querendo segurar uma lágrima, nós sorrimos com o fofo do
Auggie, que apesar de seus problemas, uma criança. E como qualquer criança tenta
se encaixar num lugar que o vê como uma aberração. Para nós brasileiros tem um
afago. A mãe de Auggie é filha de brasileira. Só uma pontinha, um mimo para
todos nós que temos uma autoestima baixa enquanto nação. E o que considero um bônus, tem até
um capítulo que remonta à “Baleia” – entendedores entenderão – sem spoilers
aqui.
A
autora é R.J. Palácio que conta com uma linha de livros com temáticas sobre
pessoas “diferentes” e este em especial está em fase de filmagem com Jacob Tremblay (O Quarto de Jack) como Auggie
e Julia Roberts como sua mãe protetora. Esperemos para ver o resultado. Sem
expectativas pois Hollywood costuma cagar nessas histórias. Um exemplo foi “Tão
Forte e Tão Perto¨ que é adaptação do surpreendente livro “Extremamente Alto e Incrivelmente Perto de Jonathan Safran Foer. Espero muito poder morder a
língua.
Não
é um livro adulto, muito mais focado para adolescentes ou crianças, mas enternece
quem o ler. Vale cada capítulo extra curto que dá para ler tranquilamente em pé
no vagão do metrô. Outro bônus para quem viaja muito e não consegue dormir ou
não dá conta de ler James Joyce durante o percurso.
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