segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Séries: Outlander - Água com Açúcar Histórico

Outlander - Água com Açúcar Histórico




         Estive namorando essa série na Netflix desde quando estreou por lá. Via o título e lia a mini sinopse e acabava deixando para depois. E, este fim de semana, por estar sozinho em casa, tranquilidade, acabei assistindo. Como a ficha técnica é sempre muito chata, deixo isso para os sites “sérios”, eu só vou comentar que é uma adaptação dos livros de Diana Galbadon.

         A série é bem “água com açúcar”, porém, muito charmosa. A reconstituição de época é bem competente e de aparência modesta, não deixa a desejar. Os atores são bons, não há nenhuma estrela hollywoodiana. O que é um alívio em certo sentido.

         A história começa quando a Segunda Guerra termina. O casal, Claire (Caitriona Balfe) e Frank (Tobias Menzies) Randall, vai passar sua segunda lua de mel na Escócia. Lá visitam pitorescos monumentos e construções históricas. Num passeio solo, Claire acaba se envolvendo com um acontecimento mágico que a leva 200 anos antes na história. No mesmo local, porém em época diferente, se envolve em lutas de clãs, conspirações e todas as espécies de aventuras possíveis. Como serviu ao exército inglês, enfermeira, acaba assumindo o posto de curandeira no castelo local. Além de gerar constrangimento com sua atitude de mulher “moderna” acaba por presenciar fatos históricos que culminariam em massacre dos habitantes locais pelo exército inglês alguns anos mais tarde.

         Outra coisa interessante é que a série toda em inglês tem os momentos que se fala o gaélico, linguagem local. E mesmo o inglês dos escoceses é carregado no sotaque de uma forma deliciosa e proposital. Quando o gaélico aparece, nenhuma legenda nos é dada. E nisso sentimos um pouco o peso do idioma em cima da personagem principal.


         Não é a melhor série do mundo ao mesmo tempo que se mostra muito melhor que muitas. Para quem gosta do gênero, romance histórico, vale a investida por mais previsíveis que alguns pontos possam parecer.


         Ótima série para os machões de plantão assistirem coladinhos aos seus pares femininos. Ótima série para quem gosta de história, permeada de muita ficção, ou ainda de belas paisagens e um enredo leve. Apesar das várias alusões ao estupro que as mulheres sofriam fora da proteção patriarcal familiar ou da instituição do matrimônio. Ligue seu lado sensível e espaireça com esta série. Ah! Existe uns toques bem apimentados em certos episódios. Só para saberem. 





quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Extraordinário - Quando tiver que escolher [...] Escolha ser gentil

Extraordinário - Quando tiver que escolher [...] Escolha ser gentil





        Como demorei para escrever algo neste mês de outubro. Correrias, correrias, correrias do cotidiano que culminam em não se conseguir fazer nada ao mesmo tempo que se deixa tudo para depois. E o depois acumula em mais depois.


        E o primeiro comentário de outubro não será de nenhum filme e sim de um livro. Sinceramente, já falei muito sobre isso em outras postagens, ando desacorçoado com os filmes que estão surgindo. Tudo mais do mesmo de sempre. Aí eu me recolho ao mundo dos livros. E mesmo não desbravando os clássicos me surpreendo com uns fenômenos comerciais. Os “pipocas” das editoras.


        “Extraordinário” não é nenhum livro extraordinário. É apenas divertido, ou melhor, é um livro com uma história fofa. Trata de temas um tanto quanto pesados de forma simpática. E isso pode ser uma forma diferenciada que dê um leve toque da pretensão do título.





        Na verdade, em momento algum o livro quer ser mais do que é. E isso é uma boa virtude. Com vários narradores a história desenrola a vida não tão fácil de Auggie, August Pullman, um garoto de 10 anos que vai para a escola pela primeira vez na vida, pois tem uma deformidade no rosto. Por causa dessa deformidade foi obrigado a ficar em casa se recuperando de algumas cirurgias que tentaram melhorar sua aparência e ao mesmo tempo combater as sequelas da doença hereditária que possui, apesar dos pais e da irmã não terem desenvolvido nenhum grau da mesma. Na escola ele enfrenta todos os tipos de perseguições e maldades que crianças são capazes de cometer com alguém diferente. O livro vai mostrando que, apesar dos problemas, Auggie se entrosa com os amigos do 5º ano do ensino fundamental de uma escola particular com o seu jeito e carisma. Lida com o preconceito, e com o bullyng, de uma forma bem natural, mesmo sofrendo com isso. E a mensagem que fica é a nova obsessão dos americanos “ser mais gentil com o diferente”. O bordão preferido de Ellen DeGeneres. O livro é terno, e apesar do tema, é leve e descontraído. Ao mesmo tempo que podemos arfar mais pesado querendo segurar uma lágrima, nós sorrimos com o fofo do Auggie, que apesar de seus problemas, uma criança. E como qualquer criança tenta se encaixar num lugar que o vê como uma aberração. Para nós brasileiros tem um afago. A mãe de Auggie é filha de brasileira. Só uma pontinha, um mimo para todos nós que temos uma autoestima baixa enquanto nação. E o que considero um bônus, tem até um capítulo que remonta à “Baleia” – entendedores entenderão – sem spoilers aqui.


        A autora é R.J. Palácio que conta com uma linha de livros com temáticas sobre pessoas “diferentes” e este em especial está em fase de filmagem com  Jacob Tremblay (O Quarto de Jack) como Auggie e Julia Roberts como sua mãe protetora. Esperemos para ver o resultado. Sem expectativas pois Hollywood costuma cagar nessas histórias. Um exemplo foi “Tão Forte e Tão Perto¨ que é adaptação do surpreendente livro “Extremamente Alto e Incrivelmente Perto de Jonathan Safran Foer. Espero muito poder morder a língua.


        Não é um livro adulto, muito mais focado para adolescentes ou crianças, mas enternece quem o ler. Vale cada capítulo extra curto que dá para ler tranquilamente em pé no vagão do metrô. Outro bônus para quem viaja muito e não consegue dormir ou não dá conta de ler James Joyce durante o percurso.