Stranger Things: 1983
Eu estava num fim de semana
enfadonho. Há algum tempo que não assisto a televisão aberta e cada dia que
passa os canais pagos estão com uma grade de programação pouco atrativa e muito
repetitiva. Cinema também não tinha nada que me instigasse. Quando isso acontece
vou para a internet. O que anda ocorrendo com muita frequência. E na internet
fui ao site básico, que é o Facebook no meu caso, e mantive algumas janelas
abertas no notebook fuçando outras possibilidades. E por um acaso descobri
quase simultaneamente “Stranger Things” na Netiflix, como dica da tela de
início, e no Facebook umas pessoas comentando o quanto era boa a série. Curioso
fui assistir...
E realmente gostei. Amei. Adorei.
A história em si é simples é uma
Sci-fi (ficção científica) leve e divertida. Um garoto desaparece e sua mãe que
já é um pouco debilitada emocionalmente inicia uma busca que flerta com o
sobrenatural. Ao mesmo tempo os amigos do menino desaparecido também iniciam a
própria busca que os fazem encontrar uma garota misteriosa que possui uns
poderes nada normais para um ser humano. Entre idas e vindas dos personagens,
outros também acabam desaparecendo e o mistério vai acirrando. Porém a história
em si não é o ponto forte. Tanto que o roteiro não chega a ser perfeito mas dá
o ponto certo para o diferencial da história. A trama toda se passa no ano de
1983 e a década de 1980 é o diferencial. Isso dá todo um sentido nostálgico à
história. A produção de arte se esmerou em colocar tudo que era icônico dessa época
que ainda é o referencial afetivo de muitos marmanjos de 30 e poucos, 40 e
quase 50 anos de hoje. Tudo na série remete a essa era. Até o estado onde fica
a cidade da trama é sugestivo: Indiana. E
se você não conseguiu fazer a relação eu digo, Indiana é o nome de um herói do
cinema que surgiu nas telonas em 1981, Indiana Jones. A série é um verdadeiro
caça tesouro para os adultos. Através de brinquedos, carros, propagandas,
roupas e comidas da época vemos nossa infância, mesmo que pelo filtro da
cultura americana, desfilar na tela da Netflix.
Falo “nossa” pois sou um dos
marmanjos que foi criança nessa época. Fiz dez anos no fim do ano de 1988.
Mesmo morando em uma cidade bem pequena do interior de São Paulo, a televisão
era uma grande janela mágica que trazia as referências necessárias a um
garotinho que adorava essas “coisas legais”. Apesar de muita coisa só aparecer
já nos anos de 1990 por aqui. Os filmes
e desenhos mais importantes chegaram a tempo. Tanto que só recentemente eu
superei o trauma causado pelo filme “Poltergeist – O Fenômeno” que assisti aos
7-10 anos de idade.
Então, o filme é uma grande homenagem
a essa época. E segundo alguns críticos uma “colcha de retalhos” de vários
filmes que se tornaram cultuados por gerações. Realmente percebemos influências
de várias produções. São 8 episódios de
pura nostalgia com tributos aos
clássicos “Os Goonies”, “Alien”, “Poltergeist”, “Indiana Jones”, “E.T.” e
tantos outros. E isso é tão evidente que tem uma cena de perseguição que
praticamente copia a cena de “E.T” e até segurei a respiração esperando que os
garotos, em suas bicicletas, saíssem voando por cima dos carros. Para não
estragar não contarei mais que isso. Vá assistir que a diversão é garantida. É até instigante tentar achar algo
que ainda nos lembremos em todos os episódios. Se eu pudesse comparar essa
série com algo recente eu compararia com o saudosista “Super 8” escrito e
dirigido por J. J. Abrams de 2011
que possui uma pegada parecida.
Outro ponto interessante é o elenco. O grupo de crianças e
adolescentes é um ponto bem forte na trama toda. Todos soam bem naturais. Até a
estranha “Eleven” (Millie Brown) mostra uma esquisitice bem pontuada. O
restante do elenco é bem competente porém, o que me causou uma certa estranheza
foi a mãe do menino desaparecido. A atriz escolhida foi uma irreconhecível,
pelos primeiros minutos pelo menos, Winona Ryder. Apesar de já estar com mais
de 40 anos, mantém a fragilidade de boneca de porcelana. Contudo foi a
caracterização da personagem que me assustou um pouco e me fez não a reconhecer
de imediato. Está muito diferente de tudo que estamos acostumados a ver nos
seus filmes anteriores. Fragilizada, com voz falha e nervosa, parece sempre à
beira de um colapso.
Então assistam. Por mais que o cinema seja “mais nobre” as
séries estão ganhando brilho próprio e até mais ousadia em certos pontos. Os
produtores de cinema andam só preocupados em fazer dinheiro e não
necessariamente em fazer um bom filme. Já os produtores de televisão e da
Netflix parecem tentar conciliar os dois. Pelo menos por enquanto. Quem ganha,
de algum modo, somos todos nós que podemos apreciar um produto mercadológico
bom.
Um “PS”, espero logo que assistir novamente a série, para ver
o quanto gostei, escrever mais um comentário sobre a série tentando uma análise
mais profunda, aguardem... Apesar de eu quase nunca cumprir uma promessa, por
isso não costumo fazer. Então, não é promessa que faço agora. Vou tentar....
Tentar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário