sábado, 23 de julho de 2016

Séries: Stranger Things: 1983

Stranger Things: 1983 






Eu estava num fim de semana enfadonho. Há algum tempo que não assisto a televisão aberta e cada dia que passa os canais pagos estão com uma grade de programação pouco atrativa e muito repetitiva. Cinema também não tinha nada que me instigasse. Quando isso acontece vou para a internet. O que anda ocorrendo com muita frequência. E na internet fui ao site básico, que é o Facebook no meu caso, e mantive algumas janelas abertas no notebook fuçando outras possibilidades. E por um acaso descobri quase simultaneamente “Stranger Things” na Netiflix, como dica da tela de início, e no Facebook umas pessoas comentando o quanto era boa a série. Curioso fui assistir...

E realmente gostei. Amei. Adorei.

A história em si é simples é uma Sci-fi (ficção científica) leve e divertida. Um garoto desaparece e sua mãe que já é um pouco debilitada emocionalmente inicia uma busca que flerta com o sobrenatural. Ao mesmo tempo os amigos do menino desaparecido também iniciam a própria busca que os fazem encontrar uma garota misteriosa que possui uns poderes nada normais para um ser humano. Entre idas e vindas dos personagens, outros também acabam desaparecendo e o mistério vai acirrando. Porém a história em si não é o ponto forte. Tanto que o roteiro não chega a ser perfeito mas dá o ponto certo para o diferencial da história. A trama toda se passa no ano de 1983 e a década de 1980 é o diferencial. Isso dá todo um sentido nostálgico à história. A produção de arte se esmerou em colocar tudo que era icônico dessa época que ainda é o referencial afetivo de muitos marmanjos de 30 e poucos, 40 e quase 50 anos de hoje. Tudo na série remete a essa era. Até o estado onde fica a cidade da trama é sugestivo: Indiana.  E se você não conseguiu fazer a relação eu digo, Indiana é o nome de um herói do cinema que surgiu nas telonas em 1981, Indiana Jones. A série é um verdadeiro caça tesouro para os adultos. Através de brinquedos, carros, propagandas, roupas e comidas da época vemos nossa infância, mesmo que pelo filtro da cultura americana, desfilar na tela da Netflix.
Falo “nossa” pois sou um dos marmanjos que foi criança nessa época. Fiz dez anos no fim do ano de 1988. Mesmo morando em uma cidade bem pequena do interior de São Paulo, a televisão era uma grande janela mágica que trazia as referências necessárias a um garotinho que adorava essas “coisas legais”. Apesar de muita coisa só aparecer já nos anos de 1990 por aqui.  Os filmes e desenhos mais importantes chegaram a tempo. Tanto que só recentemente eu superei o trauma causado pelo filme “Poltergeist – O Fenômeno” que assisti aos 7-10 anos de idade.


Então, o filme é uma grande homenagem a essa época. E segundo alguns críticos uma “colcha de retalhos” de vários filmes que se tornaram cultuados por gerações. Realmente percebemos influências de várias produções. São 8 episódios de pura nostalgia com  tributos aos clássicos “Os Goonies”, “Alien”, “Poltergeist”, “Indiana Jones”, “E.T.” e tantos outros. E isso é tão evidente que tem uma cena de perseguição que praticamente copia a cena de “E.T” e até segurei a respiração esperando que os garotos, em suas bicicletas, saíssem voando por cima dos carros. Para não estragar não contarei mais que isso. Vá assistir que a diversão é garantida. É até instigante tentar achar algo que ainda nos lembremos em todos os episódios. Se eu pudesse comparar essa série com algo recente eu compararia com o saudosista “Super 8” escrito e dirigido por  J. J. Abrams de 2011 que possui uma pegada parecida.


Outro ponto interessante é o elenco. O grupo de crianças e adolescentes é um ponto bem forte na trama toda. Todos soam bem naturais. Até a estranha “Eleven” (Millie Brown) mostra uma esquisitice bem pontuada. O restante do elenco é bem competente porém, o que me causou uma certa estranheza foi a mãe do menino desaparecido. A atriz escolhida foi uma irreconhecível, pelos primeiros minutos pelo menos, Winona Ryder. Apesar de já estar com mais de 40 anos, mantém a fragilidade de boneca de porcelana. Contudo foi a caracterização da personagem que me assustou um pouco e me fez não a reconhecer de imediato. Está muito diferente de tudo que estamos acostumados a ver nos seus filmes anteriores. Fragilizada, com voz falha e nervosa, parece sempre à beira de um colapso.

Isso eu ainda não consegui definir se foi bom ou ruim nessa atuação. Só me causou estranheza até o momento. No mais tudo está bem competente, direção dos iniciantes irmãos Duffer que também são os criadores. Trilha sonora também tem uma importância significativa no clima da trama. A música de abertura chega a enervar de tão necessária em certos pontos.

Então assistam. Por mais que o cinema seja “mais nobre” as séries estão ganhando brilho próprio e até mais ousadia em certos pontos. Os produtores de cinema andam só preocupados em fazer dinheiro e não necessariamente em fazer um bom filme. Já os produtores de televisão e da Netflix parecem tentar conciliar os dois. Pelo menos por enquanto. Quem ganha, de algum modo, somos todos nós que podemos apreciar um produto mercadológico bom.  







Um “PS”, espero logo que assistir novamente a série, para ver o quanto gostei, escrever mais um comentário sobre a série tentando uma análise mais profunda, aguardem... Apesar de eu quase nunca cumprir uma promessa, por isso não costumo fazer. Então, não é promessa que faço agora. Vou tentar.... Tentar.

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