terça-feira, 26 de julho de 2016

Caça-Fantasmas – 2016 - Com Mulheres!!!

Caça-Fantasmas – 2016 - Com Mulheres!!!






         Caça-Fantasmas foi um filme que assisti meio que por acaso, ontem (24-07-16). Estava no shopping de bobeira e quase na hora de ir embora, passando em frente do cinema, vi que havia uma sessão que dava para pegar. Entrei e sem nenhuma pretensão me entreguei ao filme. E pasmem, eu me diverti.


         Sim eu me diverti muito. Lógico que há umas ressalvas que são pontuais. E principalmente: minha “infância” não foi destruída por causa desse filme. Escrevo isso pois se formou uma polêmica em torno desse “remake”. Inúmeros marmanjos ficaram indignados por “deturparem” uma história tão querida por eles. O negócio faria parte do lugar comum se tivesse sido só aqui pelo Brasil. Nos EUA também houve essa comoção. E a grande mudança não foi atualizar o roteiro com novas tecnologias ou dar uma mudada no o final. O que causou grande comoção foi que “Os Caça-Fantasmas” viraram “As” Caça-Fantasmas. O elenco, originalmente com quatro homens, tomou a licença poética de colocar mulheres no lugar e, em consequência, Janine, a secretária, foi substituída, por um homem, o bonitão Chris “Thor” Hemsworth. Uma espécie de inversão de papéis que muitos desses mesmos marmanjos acham interessante de se fazer no carnaval ou... Bom, deixa pra lá!!!



         Cutucões e alfinetadas à parte, isso se tornou um caso tão chato e sério que as atrizes foram hostilizadas por alguns desses marmanjos que se tornam muito “machos” e valentes nas redes sociais. O terreno mais fértil para esse tipo de pessoa se proliferar e disseminar as mais absurdas, antiquadas e ridículas opiniões possíveis sobre qualquer tema que os façam se sentirem ofendidos. E como se ofender por qualquer besteira. Antes de entrar na psicologia doentia e passível de pena desse tipo de gente vou me ater ao filme que é o mais importante.

         Quando anunciaram que haveria mulheres no lugar dos personagens homens eu também estranhei. Resolvi não lançar nenhum tipo de juízo antes de assistir. E de tudo que vi, achei que reutilizaram bem a história. O roteiro realmente funciona com as novas interpretes. E notamos que o filme todo é um “novo” filme que se inspira no anterior e o homenageia das mais diversas formas. E, o principal, de uma forma muito mais respeitosa que tantas outras regravações. Parece que os roteiristas realmente gostavam do filme anterior e respeitaram o máximo possível a memória afetiva dos fãs. E que fique bem claro: é um filme praticamente novo baseado no antigo. Foi-se embora alguns elementos substituídos por coisas mais palatáveis para os dias de hoje.

Como o filme foi feito para o maior número possível de espectadores não foi tão assustador quanto poderia ser. E aqui um ponto que pode ser negativo, como eu achei, ou simplesmente pode não ser, os fantasmas ficaram todos azulados, de luz negra, “bonitinhos” e caricatos quase com traços infantilizados. O que não estraga em nada o desenrolar da história. Foi apenas uma escolha, ao que parece, para que crianças não se sentissem muito assustadas. E o elenco? O elenco merece até um parágrafo próprio...

         ...E aqui começo o parágrafo: o elenco é phoda demais. Apesar de conhecer pouco o trabalho de Kate McKinnon e de Leslie Jones, a primeira uma cientista doida de pedra, a segunda uma nova-iorquina que desiste do trabalho no metrô para se juntar ao grupo, ambas são conceituadas e estão no elenco de Saturday Night Live, programa que não faz parte de meu repertório. Já Kristen Wiig está em várias comédias românticas que andei assistindo. E Melissa McCarthy é um espetáculo por si mesma. Wiig a seu modo é bem competente e talento não falta para Melissa. Já se tornou popular em comédias variadas e fez participações especiais em diversos filmes e até já teve uma indicação ao Oscar, Grammy e Emmy. Melissa é do tipo de atriz que o mercado cinematográfico empurra para a comédia, mas quando tiver oportunidade de fazer um papel dramático vai levar todos os prêmios a qual for indicada. Além do talento individual de cada atriz convidada a ser uma das novas Caça-fantasmas é notável o quanto as quatro funcionam juntas. Todas têm uma química cômica que dá certo. Estão todas em sintonia total. Uma complementa a outra. E para ajudar a compor o time temos Hemsworth que faz algo totalmente fora do padrão de seriedade Thor. Ele consegue convencer como o tipo que faz. E mostra que também consegue tirar risadas além de mostrar os músculos. O grupo está perfeito e sintonizado. Não há motivo para os marmanjos continuarem a agir como crianças contrariadas.


         Continuando no elenco, eu só recordo que todos os astros principais do primeiro filme estão fazendo participações especiais divertidas. Mesmo Harold Ramis, que fez o Egon Spengler na versão de 1984 e na continuação de 1989, falecido em 2014, se faz presente na imagem de um busto que manteve sua aparência da época. Todos estão lá menos o já citado Ramis e Rick Moranis que parece ter se recusado a voltar a fazer cinema por questões pessoais, ou seja, não deu nenhuma explicação. É bem divertido ver os atores antigos fazendo pequenas participações mais que especiais e engraçadas. Sentimos que o filme foi mais fiel ao anterior por isso.



         O roteiro da trama renovada contou com a ajuda de Dan Aykroyd que além de estrelar os anteriores trabalhou também no roteiro dos mesmos. Outro responsável pelo roteiro é o próprio diretor Paul Feig que anda despontando em séries e alguns filmes cômicos e já dirigiu Melissa e  Kristen no interessante “Missão Madrinha de Casamento.


         Toda a polêmica em torno de mulheres estarem no lugar de homens acaba perdendo a força pois o filme é bom. Tem muita comédia certeira que faz realmente rir. Coisa que muitos outros filmes prometem e não cumprem. Eu mesmo não tenho muito senso de humor para piadas de filmes. Raramente rio e com Caça- Fantasmas eu consegui rir em vários momentos. É um filme que vale o preço exorbitante que os ingressos tomaram. Não assisti em 3-D e infelizmente foi uma versão dublada. Parece que aqui no ABC Paulista, região em que moro no momento, os cinemas esqueceram de pessoa que gostam de filmes legendados. São poucas sessões que disponibilizam esse formato e geralmente em horários ridículos.



         No mais não ligue para os choros de marmanjos babacas com complexos e desajustes sociais que usam de misoginia (ódio contra as mulheres), que não assumem ter, para falar mal de tudo que envolva mulheres e as deixem em destaque. Se for um gênero que você curte vá e assista se tiver vontade. E aproveite a diversão do momento. 

sábado, 23 de julho de 2016

Séries: Stranger Things: 1983

Stranger Things: 1983 






Eu estava num fim de semana enfadonho. Há algum tempo que não assisto a televisão aberta e cada dia que passa os canais pagos estão com uma grade de programação pouco atrativa e muito repetitiva. Cinema também não tinha nada que me instigasse. Quando isso acontece vou para a internet. O que anda ocorrendo com muita frequência. E na internet fui ao site básico, que é o Facebook no meu caso, e mantive algumas janelas abertas no notebook fuçando outras possibilidades. E por um acaso descobri quase simultaneamente “Stranger Things” na Netiflix, como dica da tela de início, e no Facebook umas pessoas comentando o quanto era boa a série. Curioso fui assistir...

E realmente gostei. Amei. Adorei.

A história em si é simples é uma Sci-fi (ficção científica) leve e divertida. Um garoto desaparece e sua mãe que já é um pouco debilitada emocionalmente inicia uma busca que flerta com o sobrenatural. Ao mesmo tempo os amigos do menino desaparecido também iniciam a própria busca que os fazem encontrar uma garota misteriosa que possui uns poderes nada normais para um ser humano. Entre idas e vindas dos personagens, outros também acabam desaparecendo e o mistério vai acirrando. Porém a história em si não é o ponto forte. Tanto que o roteiro não chega a ser perfeito mas dá o ponto certo para o diferencial da história. A trama toda se passa no ano de 1983 e a década de 1980 é o diferencial. Isso dá todo um sentido nostálgico à história. A produção de arte se esmerou em colocar tudo que era icônico dessa época que ainda é o referencial afetivo de muitos marmanjos de 30 e poucos, 40 e quase 50 anos de hoje. Tudo na série remete a essa era. Até o estado onde fica a cidade da trama é sugestivo: Indiana.  E se você não conseguiu fazer a relação eu digo, Indiana é o nome de um herói do cinema que surgiu nas telonas em 1981, Indiana Jones. A série é um verdadeiro caça tesouro para os adultos. Através de brinquedos, carros, propagandas, roupas e comidas da época vemos nossa infância, mesmo que pelo filtro da cultura americana, desfilar na tela da Netflix.
Falo “nossa” pois sou um dos marmanjos que foi criança nessa época. Fiz dez anos no fim do ano de 1988. Mesmo morando em uma cidade bem pequena do interior de São Paulo, a televisão era uma grande janela mágica que trazia as referências necessárias a um garotinho que adorava essas “coisas legais”. Apesar de muita coisa só aparecer já nos anos de 1990 por aqui.  Os filmes e desenhos mais importantes chegaram a tempo. Tanto que só recentemente eu superei o trauma causado pelo filme “Poltergeist – O Fenômeno” que assisti aos 7-10 anos de idade.


Então, o filme é uma grande homenagem a essa época. E segundo alguns críticos uma “colcha de retalhos” de vários filmes que se tornaram cultuados por gerações. Realmente percebemos influências de várias produções. São 8 episódios de pura nostalgia com  tributos aos clássicos “Os Goonies”, “Alien”, “Poltergeist”, “Indiana Jones”, “E.T.” e tantos outros. E isso é tão evidente que tem uma cena de perseguição que praticamente copia a cena de “E.T” e até segurei a respiração esperando que os garotos, em suas bicicletas, saíssem voando por cima dos carros. Para não estragar não contarei mais que isso. Vá assistir que a diversão é garantida. É até instigante tentar achar algo que ainda nos lembremos em todos os episódios. Se eu pudesse comparar essa série com algo recente eu compararia com o saudosista “Super 8” escrito e dirigido por  J. J. Abrams de 2011 que possui uma pegada parecida.


Outro ponto interessante é o elenco. O grupo de crianças e adolescentes é um ponto bem forte na trama toda. Todos soam bem naturais. Até a estranha “Eleven” (Millie Brown) mostra uma esquisitice bem pontuada. O restante do elenco é bem competente porém, o que me causou uma certa estranheza foi a mãe do menino desaparecido. A atriz escolhida foi uma irreconhecível, pelos primeiros minutos pelo menos, Winona Ryder. Apesar de já estar com mais de 40 anos, mantém a fragilidade de boneca de porcelana. Contudo foi a caracterização da personagem que me assustou um pouco e me fez não a reconhecer de imediato. Está muito diferente de tudo que estamos acostumados a ver nos seus filmes anteriores. Fragilizada, com voz falha e nervosa, parece sempre à beira de um colapso.

Isso eu ainda não consegui definir se foi bom ou ruim nessa atuação. Só me causou estranheza até o momento. No mais tudo está bem competente, direção dos iniciantes irmãos Duffer que também são os criadores. Trilha sonora também tem uma importância significativa no clima da trama. A música de abertura chega a enervar de tão necessária em certos pontos.

Então assistam. Por mais que o cinema seja “mais nobre” as séries estão ganhando brilho próprio e até mais ousadia em certos pontos. Os produtores de cinema andam só preocupados em fazer dinheiro e não necessariamente em fazer um bom filme. Já os produtores de televisão e da Netflix parecem tentar conciliar os dois. Pelo menos por enquanto. Quem ganha, de algum modo, somos todos nós que podemos apreciar um produto mercadológico bom.  







Um “PS”, espero logo que assistir novamente a série, para ver o quanto gostei, escrever mais um comentário sobre a série tentando uma análise mais profunda, aguardem... Apesar de eu quase nunca cumprir uma promessa, por isso não costumo fazer. Então, não é promessa que faço agora. Vou tentar.... Tentar.

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Procurando Dory - Eu nem cheguei a procurar o Nemo ainda

Procurando Dory - Eu nem cheguei a procurar o Nemo ainda



         
           Só para constar eu não assisti "Procurando Nemo" mas, conheci os personagens por outras vias e não teve como não amar a Dory. Dito isso, continuo meu comentário.

        Dois grandes criadores de fábulas “contemporâneas” sofreram uma fusão há um tempo: Disney e Pixar. Com “pegada” mais família a Disney encantava as pessoas dentro do sistema convencional, de certa forma inovando pouco em seus roteiros. Por mais que se esforçasse, a Disney, não conseguia dar o passo mais largo como a Pixar. Esta conseguia realmente atualizar as fábulas colocando uma lógica mais anticonvencional que sua, até então, rival. Por mais que houvessem as teorias de conspirações “satânicas” rondando a Disney ela não saia do padrão “garota = princesa” ou “mulher, mesmo que seja independente, precisa de um macho para ser realmente feliz”. A Pixar já conseguia extrapolar e subverter isso, exemplo foi “Valente” onde uma princesa se recusa a ser uma “dondoca” pronta para ser dada em casamento a um estranho escolhido por conveniência para perpetuar as tradições de seus pais. Mas a fusão veio e o receio da Pixar ser abocanhada, mastigada, engolida, digerida e cagada em uma única forma de fazer animações existia. Contudo parece que isso não ocorreu. Foi mantida a identidade criativa do grupo dentro do conglomerado. Assim, mesmo pertencendo à mesma empresa, elas estão em departamentos bem diferentes. Como duas marcas diferentes de produto parecidos que descobrimos ser do mesmo fabricante.


        Em “Procurando Nemo” vemos a parceria funcionando bem e sem grandes interferências. E, como rendeu louros, foi dada a continuação que demorou bastante para acontecer. Através da carismática personagem Dory voltamos ao universo submarino da Pixar. Lá no fundo do oceano vemos migalhas de suas lembranças. Aos poucos, com muita dificuldade, afinal ela tem perda de memória recente, assim como um monte de gente que... Bom, não vou entrar por esse caminho “looooooongo”... Como dizia, com muita dificuldade ela monta seu quebra-cabeças de memórias e lembra que se perdeu de sua família. Na tentativa de encontrá-los acaba se esbarrando no desesperado pai de Nemo, Marlin, e os ajuda.
E é no “felizes para sempre” que a segunda história inicia com a busca de Dory por seus pais que leva todos para o outro lado do mundo. Entre as atrapalhações que a personagem do título causa vemos como os laços de família são reforçados, mesmo não sendo uma família de sangue. Personagens novos são apresentados. Personagens velhos reaparecem. E o universo de Dory/Nemo é aprofundado. Várias coisas que Dory fazia na primeira animação são explicadas dando uma maior “densidade dramática” à peixinha.



        É um filme fofo, próprio para crianças e feito também para fisgar os adultos que são obrigados a levarem seus rebentos aos cinemas. Um grande ganho para todas mães e pais que se chateiam com animações tontas. Não chega a superar seu antecessor. Talvez se iguale apesar da ideia já explorada perder um pouco a força do impacto.

        Um porém será assistir a versão dublada como já mencionei em outros textos. Por melhor que sejam os profissionais brasileiros da área, nada muda o fato de não termos a oportunidade de ouvir uma interpretação, só pela voz, de atores tão interessantes quanto Ellen DeGeneres, como a própria desmemoriada Dory, ou Diane Keaton, que faz Jenny a mãe protetora de Dory, ou ainda uma participação de Idris Elba, como um preguiçoso leão marinho com rompantes de ira, entre tantos outros.


Tudo isso dá nuances de cores que se perdem nas versões dubladas. Uma pena mesmo que nem sempre conseguirmos pelos cinemas uma versão legendada em horários descentes.


       


Então, “Procurando Dory” irá enternecer a todos. Tem momentos muito engraçados e momentos onde o choro pode rolar. Pode não ser a melhor animação do ano apesar de muito aguardada, mas garante diversão.









        E um pedido, não comprem um peixe cirurgião-patela, a espécie da Dory, ou qualquer peixe ou bicho de qualquer espécie para dar para crianças. É inconcebível dar criaturas vivas para seres humanos incapazes de se controlarem e terem o discernimento necessário para realmente prover o bem-estar de animais. Compre uma linda pelúcia, a Disney disponibiliza. Dura mais, dá para lavar, se rasgar é só costurar de volta. Um bicho é algo sério demais para virar brinquedo.

No link abaixo uma matéria sobre o assunto.