terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Resenha de filme: Django Livre Dublado


Django Livre Dublado

Soube que era uma bosta. Soube que era uma obra prima. Os críticos não conseguem mesmo chegar a um consenso. Eu assisti e gostei, não sou um crítico especializado, talvez seja isso. Mesmo com momentos fora da tonalidade usual que se percebe com facilidade. Tarantino perdeu sua colaboradora que editou seus filmes anteriores, Sally Menke. Isso faz falta, percebe-se muito bem.
Eu confesso, assisti a versão dublada. E “peloamordedéus” não façam isso. Brasileiros e brasileiras aprendam a ler as legendas ou entender o inglês para não precisar ouvir as abominações mal feitas com vozes estranhas que não passam as interpretações dos atores. É dublado? É fake... Não adianta. Preciso assistir novamente em inglês americano original. O filme perde 40% do impacto. Posso dizer que não é um “Kill Bill”, meu favorito, ou ainda um “Bastados Inglórios”, técnica e artisticamente mais “oscarizável”. É um bom filme de Tarantino. Autoral, sem a típica pasteurização dos produtores da indústria cinematográfica. Filmes que deveriam ser arrasadores, viram sessão da tarde por causa deles.
É muito interessante ver um faroeste com negros. É um gênero que sempre foi dominado por brancos. Não entendo muito de História americana, mas sempre achei estranho os faroestes não terem negros. Lembro só de Morgan Freeman em “Os Imperdoáveis”.
Django Livre me chamou a atenção só pelo diretor. Assim como os filmes de Tim Burton, os de Tarantino valem à pena. Saem do padrão manjado.  Há excessos, como sempre, faz parte do estilo de Tarantino. Não espere algo muito sério ou “acadêmico”, ele namora o tempo todo com o trash, o brega e o exagero, e principalmente, muita releitura.  É um conforto já de cara ver o Christoph Waltz como um suposto médico/dentista que usa da “argumentação” e cinismo para descobrir o escravo Django. É quase cômico como os negros são levados em fila pelos interiores dos EUA. E mais cômico ainda é a “dica” que o personagem de Waltz faz aos escravos quando os deixa lá após “pagar” pelo protagonista da história. Django vira seu pupilo. E os dois saem por aí errantes matando bandidos a troco de dinheiro “honesto”. Para tal formam presepadas, mentem e enganam, saindo sempre no lucro.
Em certa cena, quando os dois justiceiros estão num típico desfiladeiro de faroeste o nosso herói conta sua história. Ele tem uma esposa, é defensor do matrimônio, fiel a sua amada Broomhilda.
 É meio ridículo que na dublagem o som do nome que chega aos ouvidos é de Brunilda. Nem a explicação de que é um nome alemão convence com essa sonoridade. Tanto que vemos, mais para o fim, um contrato de venda com o nome inteiro da amada do Django: Broomhilda Von Shaft. 
A história de “Brunilda” (dublagens horríveis) e nosso moçoilo se parece com uma lenda alemã. O que comove Dr. Schultz, que ajuda a descobrir onde está a escrava e elabora um plano infalível para seu resgate. Plano mirabolante, que pelos antecedentes criminais de Tarantino, vai dar uma grande merda em algum momento. Sempre dá.
Sei que até agora só disse o óbvio, e minha real intenção é comentar algo do filme. Nesse eu só quero detonar a dublagem mesmo. Não assista dublado. A não ser que seu QI, QE e QS (não sabe o que é? Google, sempre!) seja de um protozoário capenga. A afetação do personagem de DiCaprio some completamente. O sotaque alemão do personagem Waltz, idem. Enfim, todos os sotaques americanos empregados, que dariam uma cor ao filme, desaparecem completamente. O que é uma pena. Um texto de Tarantino interpretado por seu ator preferido, Samuel L. Jackson, é detonado pelo português e a falta de interpretação hábil. Em português eu entrevi apenas algumas coisas que o diretor quis passar. Críticas sutis, e olhe que sutileza não é o forte desse filme, foram perdidas. Enfim. Um desgosto que terei que reparar indo de novo ao cinema. E cada vez mais parece que os filmes legendados estão perdendo salas para os dublados. Em uma época que uma segunda língua se torna essencial para o mercado de trabalho, a ausência do inglês em cinemas é no mínimo curioso. Nem vou entrar em teorias mirabolantes ou conspirações para deixar a massa sem acesso a coisas que os possa fazer pensar ou aprender algo prejudicial à vontade dos poderosos, como, por exemplo, uma segunda língua. Bom deixe isso para lá... Palavras desconexas jogadas num blog... Néh!
Assistam, pois é bom, para quem gosta do diretor. Umas das cenas mais hilárias é um embrião de Ku-Klux-Klan que surge para limpar o “mal negro” e são mostrados como um bando de retardados incapazes. Nada mais certo sobre um grupo que age por preconceito racial. Contudo...
Encarecidamente? Por favor, não assistam dublado, não vale a pena.  




vinimotta2012@gmail.com

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