terça-feira, 24 de outubro de 2023

Meu antigo trabalho: PEI

 Meu antigo trabalho: PEI




Nota do dia 27 de novembro de 2023: Não era intenção manter o texto no formato que eu chamo de "cru". Ele precisa ser revisto para eliminar erros de digitação, ortográficos e concordâncias e, quiçá, tudo que desvirtua a gramática. Eu estava doente (continuo) e, simbolicamente, esse texto um desabafo/conscientização de meus problemas mentais. Assim, como os "erros" que farão minha mente se emaranhar em um turbilhão de equívocos, deixo esses "erros" da norma padrão para mostrar uma mente se emaranhar em seus próprios problemas com a tentativa de se expressar e se dar mal com isso. Muitos torcem o nariz, outros dizem que é falta de esforço para superar, outro tanto diz: desleixo. Eu: só vivencio e sofro as consequências, antes inconsciente, consciente que preciso só de uma coisa: tratamento. Os outros, como já li por aí (ou foi uma música? Me falta a memória no momento.), "não calçam meus sapatos." E como eles apertam e sangram meus calos. Por isso não me calo (mais).

Segue o texto como foi no dia que o fiz.Sem tirar nem por mais nada no dia 24 de Outubro de 2023:


                          Eu antes de ser desligado trabalhava na E.E. de São Paulo. Uma escola histórica que a Diretoria de Ensino (instituição do Governo do Estado que é responsável geograficamente pela manutenção da mesma, mas só dos processos burocráticos e do ensino de forma geral) não trata como deveria. Situações políticas que mudam a cada mandato a fazem perder sua importância e e não estar ligada a um orgão federal a deixa como um “João-Bobo” gigantesco empurrada segundo necessidade para lados e lados. Até então, ela está vinculada a um projeto de ensino chamado PEI – Projeto de Ensino Integral. Reduz o contintenge de professores ao limite para que cada um pege em média  aulas por semana. Reduz o quadro de gestão, um diretor, um vice e um coordenanor e junto também o contingente de apoio, agentes internos e tal. Com cerca de vinte pessoas. E junto ao quadro de funcionários a escola é munida de equipamentos básicos como lousa digital, televisões e alguns recursos a mais que uma escola de período regular. Conforme a necessidade dos professores a gestão vai promovendo outros recursos. O sistema funciona bem. Desde que todos sigam as diretrizes que estão bem amparadas por uma “legislação” própria. De inicio parece ser uma coisa de extrema burocracia, e é, contudo é uma burocracia um tanto funcional. Fichas e planilhas e planos de aulas mais efetivos. Se na escola de período regular isso fica atropelado pela demanda de substituiões, saídas e trocas de professores. No PEI tudo é sanado por uma gratificação de exercício de atividade em período integral. Quando comecei era dada o número de 75% do salario base de um professor com carga fechada de aulas. Como disse vinte cinco aulas, em média, podeendo variar para mais ou menos, e o restante das aulas para gerar quarenta horas de trabalhos semanais são distribuídos em reuniões, chamadas de alinhamentos, obrigatórios e, uma cereja tão bem vinda quanto aviltada por gestores que não confiam em seus professores, horas de estudos. Essas horas de estudos são realizadas na escola, isso impedia que eu levasse qualquer trabalho para casa. Nesse período de trabalho no PEI não corrigi nada em casa, não preparei aula em casa, minha cara só foi o que devia ser uma casa para me acolher e dar descanso. Salvaguardo o período de pandemia que subverteu esse esquema. Mas a Pandemia foi algo fora do que todos estávamos acostumados e preparados.

                          E justamente eu entrei no PEI cerca de 20 dias antes de estourar o surto coletivo que culminou nos “lockdown” que nos ensinou o inglês na marra “confinamento” um ano e meio nesse surto de desespero e aflição para muitos. Para outros, o trabalho continuou em casa. Foi o caso dos professores. Labutamos, e com o aparato do PEI conseguimos ser umas das melhores escolas nos índices. A equipe, mesmo com as novas aquisições, eu entre eles, estava azeitada e segurou a onda. E, mesmo com nosso esforço mostrou que o Brasil não está preparado para ensino a distância. Precisa-se de muito preparto. Para nós ficou claro. O governo está imbuído de fazer isso descer guela a baixo da população. Índices numéricos são fáceis de articular para o bem ou para o mal. Enfim, para garantir uma seriedade existe uma forma de avaliação que todos avaliam todos. Para justamente haver um comprometimento e justiça e equidade nas avaliações. Nas escolas convencionais somente a direção avalia os professores. No PEI todos avaliam todos. Até os alunos são convidados a fazer sua parte e avaliar gestão e professores. Aqui temos um pequeno calcanhar de Aquiles. Essa avaliação pode ser usada, erradamente para assediar o professor a ser “bonzinho”. Mas não deveria, e um bom gestor vai avaliar e saber elevar críticas construtivas e desconsiderar críticas destrutivas. Contudo em outros PEIs fiquei sabendo que não é assim. A demanda degringola e se cria um ambiente tóxico. Contudo, não posso falar pelo que não vivi e na E.E. de São Paulo vigorava um ambiente menos tóxico que eu já tinha vivenciado em qualquer outra escola que tivesse passsado. Estava encantado. Eu não acreditava que uma equipe podia ser tão amiga e um ajudando o outro do jeito que era. Por certo, que ingenueidade não me acometia a ponto de não saber que problemas tinham. E se um grupo fica tanto tempo juntos com certeza que os problemas alheios se sobressaem. Se lembram que eu falei dos 75%? Então, ele era o grande aglutinador e amenizador do que vem a ser um problema humano: a discórdia. Pelos 75% a mais de gratificação o professor receberia um “cala-boca” para deixar de reclamar e criar soluções. Isso fazia os problemas não serem encarados como problema de comportamento ou falha alheia. O problema existia tinha que ser resolvido. Se não ajudava no mínimo não criticava. Isso me encantou novamente. Eu que sou um crítico de primeira. Vi que muitas brigas eram abafadas por “foco na solução” do problema. E assim foi. Muitas pendências foram suplantadas, muitas picuínhas diminuídas.

                          Como disse entrei no PEI pouco antes da pandemia. Eu fui contatado pelo diretor que era o gestor da época dizendo que seria bom eu ir conhecer a escola. Um diretor me trarando com distinção e sabendo quem era. Olha só. Nunca tinha acontecido isso. Sou Categoria O, isso quer dizer que sou contrado por tempo determinado e sem nenhuma garantia e sem direito a nenhum seguro desemprego ou benefícios de quem perde o emprego. Mais ponto para o PEI. E só foi aumentado essa numeração. Até que a Pandemia. Fiquei isolado em casa, longe do trabalho, mas trabalhando, acordando todo dia para trabalhar sem sair de casa, contudo com a segurança de ter conseguido garantir meu salário diário. E a saúde mental sem eu perceber degringolando. Sendo minada pela ansiedade, solidão e um pouco pela depressão. Minha família morava no interior, na verdade só conto com minha mãe viva e um tio casado. Os poucos amigos que mantive ou deixei em Campinas ou estão espalhados pelo país. Estava morando em Santo André, e não gostei muito, por um relacionamento que nalfragou, fiquei por lá até a situação melhorar. Consegui aulas, uma longa jornada, no Sistema Prisional, e fiquei por três anos. Depois, desligado pelo que hoje eu percebo ser um sinal, estresse. Logo consegui o PEI. Gratidão ao universo, ou a divindade, no meu caso mais específico a uma boa Pombogira que me ajuda até hoje, Laroyê, RC, Laroyê!

                          Contudo, religiosidade tem que ser moderada senão desmerece todo o discurso, principalmente as de matrizes africanas. Sou católico, mas nesse relacionamento eu tive muito contato, de forma bem intimista,  com o Candomblé e com a Umbanda. E, de desconfiança e descrença, eu passei a respeitar e observar. E, indiferente ao que se acredita, sendo justo e reto, as coisas acontecem para o bem. Por isso, mesmo não “sendo” da religião me faço valer do que aprendi e do que me proteje. E como não bradar nos momentos de angústia, quando sempre fui acalmado por um retumbante “LAROYÊ!”. E nunca corri para fazer mal para os outros, e só pedindo força e caminho para continuar a vida. E sempre proteção muita proteção. E sob esse signo da proteção eu me acheguei do PEI. Meus pedidos eram sempre, que se eu saísse de onde estivesse era para um lugar melhor. Pois quem tinha me dado aquele lugar não ia me deixar desamparado. E isso aconteceu. Lá era muito melhor. E o salário algo que nunca tinha conquistado até então. Mas não tratei da mente. E, como um embrião, aquele problema doi crescendo e eu não percebendo. Na verdade ele já existia desde que eu me fiz gente. Minha prédisposição a esse comportamento nunca antes diagnosticado foi passando. Por mais de 20 anos eu tive o mesmo padrão de comportamento destrutivo e nunca havia percebido, é só meu jeito de ser. Caindo e levantando, caindo e levantando. Construindo e destruindo tudo que conquistava. E, agora aos 45 anos isso ficou claro. Não por mim. Por uma ajuda.

                          Este ano, 2023, depois de muitos percalsos, eu surtei. E não percebi. Meus colegas de trabalho só viam a manifestação mais tóxica, meu mau comportamento. Meu deboche, agressividade, contraditoriedade, tinha dias que estava elétrico, capaz de mudar o mundo, outros dias sorumbático, incapaz de dar “bom dia”, uma alternancia de humores e jeitos de ser entre outros sintomas que ao invés de criar um alarme em quem estava em volta criou rancor, antipatia, distanciamento, etc. Somente, após assinar uma advertência por “estar dormindo em sala de aula” sendo que eu me escondia na sala de aula na hora do almoço para desabar em choro ou me prostar de cansaço uma professora me levou a um Caps. E lá dei início ao meu tratamento. O primeiro remédio foi péssimo, não conseguia levantar da cama. E parei de tomar e esperei a próxima consulta. Contudo meus rompantes de sincerisídio e de falas inapropriadas continuavam. E, lembram a pandemia? Assim que ela acabou o gestor que me tratou com a dignidade se ser humano saiu e entrou a nova gestora diretora. Ela nunca se apropriou do que era o PEI, ela nunca quis ser diretora de PEI. Ela viu lá os índices, e quis ser a diretora da equipe dos sonhos. E, ela não percebeu que a equipe dos sonhos dependia do direcionamento de um gestos “dos sonhos”. Primeiro pedido a mim, cuidar de uma Acolhida, eu passei 3 horas e meia preparando material, música, e roteiro. Ela destruiu querendo aparecer mais e não entregando o microfone e só falando sem parar. E, para você entender, temos sempre os horários em atenção pois tudo tem que seguir cronograma de horas de aulas e atrasos são sempre evitados. Com dez minutos, 10!!! Minutos ela vira e fala “E agora vamos ficar com o professor Vinícius que preparou uma acolhida para todos nós” o qual eu rebati em voz alta “Você ferrou meu roteiro e meu cronograma, passou por sima de tudo que eu preparei e agora quer que eu faça tudo em 10 minutos??? Desculpe, se vira e termina o que você começou!” Talvez essa tenha sido minha sentança, reforçada por outras críticas e situações. Até aí eu estava suficiente bem para me safar e não gerar “problemas”. Quando a doença mental tomou mais seu espaço em minha cabeça, eu fui um alvo fácil. Cavar uma advertência aqui e ali foi fácil. Usar minha vulnerabilidade contra mim. Sem nunca perguntar se eu precisava de ajuda, só julgar comportamentos considerados inadequados com falta de urbanidade do espaço escolar. Não entendia por que eu estava assinando advertência, eu devia estar pegando remédios, sendo encaminhado a um profissional. Mas “devemos separar o profissional do pessoal” eu nunca consegui, no máximo eu escondia meu pessoal. Contudo quando eu chorei em frente de uma sala de aula inteira sem controle não era só o pessoal era o profissional também que sofria. Ninguém separou, precisei ficar horas com o vice diretor me acalmando e saindo da escola “escondido” para não ser exposto. Eu já estava exposto pela tentativa da gestão em não considerar minha doença mental. Toda fala era para esse lado. Até que veio a derradeira, o desligamento da escola. No PEI o diretor tem total poder sobre isso. Contudo só esperar o fim do ano. Eu pedi, implorei que se fosse desligado e ficasse sem emprego ia ser destruido. E naquele dia, véspera do feriado do dia doze eu fui destruído. Sem, considerar minha vulnerabilidade, sem considerar que não teria mais forças para me defender fui escurraçado da escola. Assinei um papel, que dizia que eu tinha usado termos chudos com os alunos e tentado contra patrimônio público. Aí percebi que a reclamação protocolada na Diretoria de ensino tinha sido forjada num requinte de crueldade de tamanha grandeza, eu sempre falei palavrão diante dos alunos, e jamais tentei quebrar nada da escola. E, de repente, falar um palavrão virou problema e uma tentativa de quebrar algo apareceu. Não tinha como me defender em 3 dias úteis. Passei o feriado prolongado, 12, 13, 14 e 15 chorando e angustiado numa prostração de não conseguir levantar da cama. Não tinha com quem desabafar, lembra? Amigos dispesos por outras cidades, e os colegas de trabalho já me evitavam. E achei que seria um peso para a professora que me levou ao Caps. Até hoje ela continua me ajudando. E na segunda, eu desnorteado não sabia o que fazer, e terça veio e o desnorteio continuou, e só começou a dissipar essa semana. A diretora ainda alegou que eu pegaria aula fácil. Já é dia 24 de outubro e nenhuma aula. Nada. Essa época do ano não se consegue facilmente. Estou a deriva, paguei contas, e não esperava que seria escorraçãdo da escola no dia 11. Agora, angustiado, pensando em coisas que não devia, que até então não pensava, sem dinheiro, sem vontade de continuar e de me levantar eu estou aqui. Me mantendo com a ajuda de amigos, me mantendo com a força do olhar das três criaturas que me deram muita força na pandemia, quando sozinho, Nox, Luna e Margot. Minhas três princesas, minhas estrelas que iluminam o céu escuro da minha vida minhas duas cachorrinhas e uma linga gata preta.

                          Elas andam me dando forças, mas fico preocupado sem trabalho. Logo faltará comida, logo o aluguel, logo as necessidades das filhotas.... minhas forças não votaram ainda. Contudo, vejo uma esperança pois consegui escrever este texto.

(se houver erro, desculpem, foi de um jorro de desespero só, vou com o tempo revisar, mas hoje tô cansado demais para isso, posto com os erros de digitação e concordância mesmo... depois vou modificando e corrigindo..)

 

vinimotta2012@gmail.com

 

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Crônicas de uma pessoa linda, louca e desvairada em São Paulo

O cotidiano sempre vindo... 







    Minha saúde mental nunca foi tratada. Eu fui levando, de um trauma a outro, despercebendo que eu precisava de ajuda. E fiquei anos empurrando com a barriga o que deveria ter tratado de frente. Minha inteligência me blindou com a arrogância de me achar autossuficiente e não procurar ajuda. Como procurar ajuda se não tenho problema? E  o problema cobrando seu preço, em mim o saldo negativo vinha de três em três anos, mais ou menos. Eu, iniciava uma jornada, começava de novo, construindo um jeito de ser "totalmente" novo, e dessa vez "vou ser assim" pois eu "preciso" de uma vida nova. E, o cotidiano, sempre vindo, massacrando com sua repetitividade que era assimilada por mim como insuportável. O, clichê, era evitado com toda minha ânsia de ser diferente do gado manipulado que não tem noção do que lhe acontece. E o cotidiano, sempre vindo, massacrando aquela vontade de ser diferente, de não estabelecer parâmetros repetitivos e seguros, querendo inovar, seguindo caminhos diferentes. E o cotidiano vindo, massacrando aquela alegria de viver, aquela força que tentava ir contra a corrente, nadar era fácil mas o cotidiano vindo massacrando como uma onda avassaladora de situações que começam a acumular: uma roupa que não foi lavada, uma semana que não deu para fazer a faxina em casa, e o cotidiano no trabalho cobrando metas, cobrando datas, cobrando atitudes. Metas, datas, planilhas, burocracias sempre fáceis de fazer, por mais inúteis e desnecessárias, uma sentada em frente ao computador sempre resolvia. Contudo o cotidiano sempre vindo, massacrando meus pensamentos e desequilibrando minha alegria de viver refletindo nas minhas atitudes. Antes assertivas, as atitudes começam ser agressivas. E atitudes agressivas ferem os outros, ferem e transformam o ambiente de trabalho em um lugar hostil. E hostilidade a alguém que já se manifesta através de agressividade gera mais agressividade. E vem a primeira advertência, a segunda, condutas erradas não devem continuar. E, ante que se consiga refletir sobre o que é "essa conduta errada" o instinto de autopreservação te deixa mais agressivo para se proteger. Contudo não estamos numa selva... E o cotidiano, sempre vindo, massacrando alguém que se sente acuado, e que não faz ideia que está num surto de alguma coisa que tem dentro de si que o impulsiona a sobreviver como se tudo fosse perigoso e ninguém fosse de confiança. E, mais uma advertência pois você falou palavrão ou porque quis quebrar algo. E você sempre falou palavrão e nunca foi problema e nunca quis quebrar nada mas a coisa pode ter caído ou não estava funcionando e você deu um tapa com o senso comum de quem dá um tapa para a imagem voltar nas antigas televisões de tubo... e voltava. Contudo, sua agressividade já não é vista com bons olhos, é vista como mal comportamento que deve ser rechaçado. E tome mais uma advertência. Até que o cotidiano vindo, massacrando todos os dias te deixa doente na alma. E, como ninguém vê feridas na alma, somos só alguém intratável. Alguém que não merece estar na empresa que tentou tanto que mudasse o comportamento, que fosse dócil. Melhor mandar embora. Dá menos trabalho nunca mais lidar com essa pessoa que o cotidiano veio, massacrou, e deixou lá quebrado, destruído. Mas ninguém vê pois é por dentro. E, sozinho, sem amparo, desempregado, não dá tempo de ficar "com pena de si mesmo". Vamos recomeçar. Ser uma nova pessoa, num novo emprego, com atitudes novas, mas o cotidiano é o mesmo que virá massacrar de novo, e de novo, e de novo... 

    


vinimotta2012@gmail.com