Noé
Se estiver
esperando um filme bíblico, esqueça. Muita imaginação para os vácuos que a
lenda de Noé propicia. Difícil é entender como o Arafonsky se propôs a fazer
algo tão inferior aos seus “Cisne Negro” e “O Lutador”, e ainda por cima
escreve o roteiro. De início, vi algo inovador no filme: a forma de narrar, o
modo de colocar o roteiro em uma perspectiva diferenciada... E aí eu me
lembrei... O filme foi feito para ser passado em 3D. Não havia inovação
aparente. Havia adequação. E tudo perdeu a graça. Noé tenta trabalhar as
motivações de fé de um homem bíblico. E só confirma uma coisa: a crença do
homem moderno de que Deus está dentro de si mesmo, e não fora. Todas às vezes
que Deus “se comunica” com ele é por meio de visões, por meio de “aparições”
que ninguém mais vê. Só ele. E tem uma família um tanto louca para aceitar suas
ideias. E como explicar os animais que aparecem em fila indiana à porta da arca?
Da mesma forma que se explica como manter os animais quietos sem um comer o
outro: uma boa dose de “viagem na maionese”. Até parece uma retomada aos pontos
medievais especulativos sobre o sexo dos anjos. Pronto, está feito um filme
medíocre, com supostas situações de “ação” em função de uma tecnologia que
insistem em nos enfiar “guela” abaixo. O melhor no filme é o Cam vivido por Logan
Lerman, um ator jovem e experiente o bastante para fazer presença, ao contrário
da “decoração” interpretada por Douglas Booth, que faz um Sem "sem" graça, e da
própria Ema Watson que não perdeu o tom herryppoteriano ainda... Necessita de uma
boa desconstrução de si mesma, o que ainda não ocorreu. Jennifer Connelly que faz a esposa de Noé fica bem
desinteressante. O olhar forte da atriz chama mais atenção que sua atuação. E o
Russell Crowe faz seu papel bem feito, como bom profissional que é, nada mais.
Crentes sem
senso crítico poderão gostar do filme. Quem tem um pouco de conhecimento sério
teológico-bíblico vai achar tudo uma piada.
Porém faço
uma ressalva aqui. Achei bem legal a ideia dos anjos caídos. Eles caem do céu e
ao atingir a terra, devido ao calor causado pelo atrito se misturam à terra,
que derretida, inicialmente, se petrifica transformando-os em gigantes de pedra
bem grotescos. Explica muita coisa, e causa muito mais questões. E a mania da
mentalidade hodierna (moderna) em achar que tudo vai ser redimido faz esses
anjos caídos subirem de novo aos céus em dado momento do filme.
No mais Noé é
só um caça níquel. Sem real valor... Se bem que depois de “Gravidade” vencer no
Oscar, mesmo que tenha sido os "Oscars" técnicos e de diretor.... Não tem como
ficar mais criticando nenhum filme. A academia passou a régua...