quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Resenha de filme: Lincoln – Assista se realmente gostar da arte cinematográfica


Resenha de filme: Lincoln – Assista se realmente gostar da arte cinematográfica



         Como poderia definir esse filme em uma palavra só?
         Chato?
         Sim é um filme muito chato. Bem realizado, bem interpretado, roteiro bem estruturado. Porém, o que Abraham Lincoln teve de interessante na sua vida? Homem “certinho” que assumiu o poder num período de guerra sem sequer estar nela de verdade. Um burocrata. Que fez umas escolhas boas, e sempre mostrou um bom coração. Porém o que mais? Santos e homens dignos, no pós-Freud, não deixam uma história interessante. Porém assisti o filme todo sem incômodo nenhum. Tudo é cinza/azulado demais, não há cores, é insosso como todo político. 
      A interpretação de Daniel Day-Lewis é realmente de surpreender. A transfiguração que a maquiagem fez, foi soberba. Sally Field também está ótima, bem alterada como uma mulher que não esconde sua opinião. Seu embate com Tommy Lee Jones foi um espetáculo. 
          Falando sobre a prestação de contas doméstica da Casa Branca, o tom acirrado da disputa fica até mais denso e objetivo, que os caminhos não tão diretos que o marido faz na política. Elenco de peso. E uma coisa que se faz necessário, como uma obrigação, nos filmes hollywoodianos, beldades que agrade os olhos, seja homem ou mulher, é inexistente no filme. Tem o Joseph Gordon-Levitt, vocês podem dizer. Beldade ele não é, não chega a ser feio também. Porém não existe um apelo sensual, a não ser que alguém tenha tara por homens com barbas estranhas. E como tem barbas estranhas nesse filme. E como tem homens feios também. Eu já estava admirado com “O Hobbit” que os personagens principais, ou pelo menos os que aparecem mais, são todos feios ou “enfeiados” propositalmente. “Lincon” supera em feiúra. E, além disso, outra coisa que não saiu da minha cabeça enquanto desenrolava as cenas: seja onde for, EUA ou Brasil, políticos são todos iguais. Em sua maioria, velhos, chatos, e preocupados com interesses próprios ou de grandes grupos e não com o povo. O filme não mostra o verdadeiro interesse em libertar os escravos. A falta de “liberdade” não combina com o espírito capitalista. Escravos não “compram” produtos. Agora um trabalhador assalariado, compra, e como compra!!! Seja no crediário das Casas Bahia em 0+10 Mensais, seja na maior invenção do século: o cartão de crédito. Principalmente em um país que criou uma economia forte, e transformou a grande maioria em classe média, bem ávidas em consumir.  O filme trata do mito, não do homem. Como sempre a mania exagerada dos americanos em exaltar seus “heróis”, tudo bem que mostra uma, pasmem, briga familiar. Pois éh, ninguém é perfeito... Lincoln teve problema em aguentar a chatice de sua esposa chorona. Ou também quando tenta comprar votos para seu objetivo. É... Se Lincoln, todo certinho, fez, imaginem se os políticos brasileiros não vão se justificar...
         O filme é muito bem produzido, dirigido, atuado, e fotografado. Para mim é demais a cena inicial ser uma batalha numa poça de lama, caindo chuva aos cântaros, homens se matando, se pisando, se estapeando, cuspindo, enfiando dedo no olho, chutando sacos, dando Kamehamehas e de repente, aparecer um mané carregando uma bandeira americana, incrivelmente limpa, colorida e engomada, com um perfeito caimento e num ângulo milimetricamente calculado.
      Meio exagerado, mas como somos uma colônia, não devemos contestar o império dominante. Néh!!! Afinal o diretor é ninguém menos que o Steven Spielberg. Sim? Não? Dúvida? Tanto faz... E com a idade ele também está ficando chato, foi-se a época de “E.T.”, a trilogia “Indiana Jones”, produções como os “Goonies”, “Gremlins” e tantos outros, tão legais!!!
         Diante de um filme forjado para o Oscar eu me questiono se não seria melhor ter feito um bom especial para HBO. Eu não senti o tempo passar lá. Nem torci para ele morrer logo. É um filme para quem realmente gosta de filmes. Não é fácil, eu mesmo me perdi em algumas questões históricas dialogadas no filme. Alguns nomes não me disseram nada, mas sei que são relativamente importantes para os “estadusunidenses”.

         E mais uma vez, eu não entendo o motivo, de certas pessoas irem ao cinema. Essa reclamação já está ficando chata. O valor que se paga do ingresso não dá direito a ninguém ficar incomodando os outros. E essa maldita “geração Crepúsculo” insiste em assistir filmes que não dão conta. Um filme como “Lincoln” é algo para quem realmente gosta, não para garotinhas que só vão lá por causa dos garotos que nem prestam atenção em suas existências. Uma infeliz dessas ficou o tempo todo sentada, quatro cadeiras de distância, e conseguia fungar alto o suficiente, derrubou um monte de coisa no chão, ligava a tela do celular com uma luz muito forte, se mexia e tentava falar com o garoto, que estava muito mais interessado no filme que nela. E eu tenho que aturar... Realmente já ponderei se vale a pena continuar indo a cinemas. É caro, você tem que deslocar por um tempo considerável, as sessões legendadas estão aparentemente sumindo, e não há respeito por parte de muita gente. Se estiver virando uma tortura é melhor não ir. Melhor esperar chegar a locadora, na TV, no camelô, naquele site que tem todos os filmes lançamentos... Pois éh.... Está ficando difícil aguentar algumas situações.






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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Resenha de filme: Os Miseráveis - Wolverine canta.


Wolverine canta


         Três coisas têm que ser ditas antes:
1ª - O filme é um musical;
2ª  - O filme é terminantemente um musical;
3ª - O povo canta o tempo todo no filme, pois É UM MUSICAL!!!!
        Alguma dúvida?
Também não vou me preocupar com spoilers, baseado numa obra de Victor Hugo, um autor já consagrado o suficiente que quase todo mundo conhece. É a mesma coisa de fazer um filme sobre Jesus Cristo e eu contar que ele morre crucificado, vai realmente ficar chateado com isso?
        O filme já começa com uma cena digital de impacto. Em uma tempestade um bando de presos geme e canta suas amarguras ao tentar puxar (pois éh!) um navio para o estaleiro. É retumbante o coro “Look down”. E começa mais de duas horas de sofrimentos e redenções em coros e solos.
        As vozes não são as mais lindas para o canto, mas garanto que Anne Hathaway/Fantine consegue tirar um arrepio ao interpretar, triste e angustiantemente, a canção “I Dreamed a Dream”.

         E também o barítono grave de Russell Crowe (não sei nada de música por isso não posso realmente afirmar se ele é um barítono e muito menos grave) convence. Porém achei o personagem Javert/Crowe perdido nas teias de emoções. Não fica tão convincente seu caminho rumo à desgraça, inverso ao personagem de Hugh Jackman/Jean Valjean que vai ao oposto, a redenção. Interessante é ver que Jackman é competente, não virtuoso, nas músicas. Wolverine sabe cantar, não é só um corpo anabolizado. As atuações principais são realmente ótimas. 
       Pena que, não sei se por influência de Tim Burton, Helena Bonham Carter/Madame Thénardier é usada como um frustrante alívio cômico, ao lado do chato Sacha Baron Cohen/Monsieur Thénardier. Também os rapazotes revoltosos não são lá essas coisas. São bons atores que estão cantando. Quem brilha mesmo é Hathaway que aparece só no começo do filme, e em uma fugaz aparição cardecista ao fim. Quando sua vida escoa, é que Jackman e Crowe entram em um duelo relevante. O musical é um bom filme. Com as virtudes e defeitos do gênero. Mesmo indicado a vários “Oscares”, estou na minha maratona para assistir todos os filmes que concorrentes, ainda afirmo que “As aventuras de Pi” é meu favorito.
        Chamou-me atenção, e não tem muita relação com as interpretações, a cintura da Samantha Barks/Eponine adulta. Como ela conseguiu uma cintura tão fina? Mesmo com roupas de época fica muito evidente. O braço do Volverine/Valjean é mais grosso que a parte do corpo da garota. É impossível aquilo ser natural, muita bulimia e anorexia? Fotoshop demais? Não sei, mas é assustador, vejam a foto. 
      A voz dela é bonita, e sua participação na trama sofre um pouco ao ser sempre desvalorizada em detrimento do casal principal, fica sempre a margem, e isso a faz brilhar. Sua história é bem triste, amar e não ser correspondida. Parece que a miséria do título chega não só com a pobreza material de alguns. A mendicância sentimental é sim uma miséria a ser explorada.
        “Os Miseráveis” como filme é uma ótima adaptação de um Musical para o cinema. Aproveitem, mas só assistam se realmente gostarem do gênero. Não faça como os garotos que assistiram ao filme atrás de mim. A cada vez que Jackman soltava um sol meio fora do esquadro, riam e comentavam exaustivamente. E ainda ficaram comentando e ridicularizando, após o filme acabar, que o cara do lado fungava de tanto chorar, ou ainda a mulher do outro lado cantava as canções junto. Não sei o motivo da geração “Crepúsculo” insistir em assistir filmes de verdade. Emocionam-se com a Bela parindo, mas não com uma verdadeira atriz ou ator mostrando verdadeiras atuações.
              Para as pseudo atrizes crepusculares:



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